Construção civil amarga pior recessão dos últimos anos em Lavras

A crise econômica bateu forte contra o setor da construção civil nos últimos dois meses em Lavras. Sem perspectivas diante do imbróglio que se tornou o cenário político brasileiro, o setor amarga uma das piores recessões da história em Lavras.

Depois de viver um verdadeiro boom nos últimos dez anos, os trabalhadores da construção civil precisam enfrentar o desemprego e a incerteza. Exemplo disso é a situação do pedreiro Paulo Henrique Rodrigues, 33 anos, desempregado há dois meses. Com um filho de 10 anos e a esposa também desempregada, ele não sabe mais onde encontrar uma saída para a situação da família, já que muitas portas do setor privado também se fecharam.

A situação dele é o reflexo do principal campo de trabalho de muitos profissionais do setor, a Universidade Federal de Lavras (Ufla), cujas obras de infraestrutura alimentaram boa parte do mercado nos últimos anos. Com o corte de verbas federais, as obras de construção de novos prédios dos setores da instituição praticamente estão paradas devido á crise.

Paulo Henrique Rodrigues era um dos muitos trabalhadores que faziam parte da folha de pagamento das empreiteiras que prestavam serviço à Ufla. Para se ter uma dimensão do tamanho do problema, somente nos meses de janeiro e fevereiro deste ano mais de 93 trabalhadores perderam seus postos de trabalho na cidade.

Piora

O presidente e o vice-presidente Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Lavras (Sinticom): quase 100 trabalhadores na rua em dois meses.
O presidente e o vice-presidente Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Lavras (Sinticom): quase 100 trabalhadores na rua em dois meses.

Os dados são do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Lavras (Sinticom), órgão responsável por efetuar as rescisões contratuais dos trabalhadores. Segundo o presidente da entidade, Armando Santos da Silva, a entrada do governo de Michel Temer brecou qualquer tipo de ação que beneficiasse o setor da construção civil.

“No começo deste ano tínhamos 500 trabalhadores  na Ufla, hoje esse número chega a 150. Da mesma forma, as obras de construção do novo presídio da cidade estão paradas desde dezembro do ano passado, com isso 120 postos de trabalho diretos e indiretos foram fechados”, argumentou Armando.

O vice-presidente da entidade, José Donizetti Firmino, o “Zé Cria”, afirmou que a saída para a crise é o governo voltar a investir no setor para reaquecer a economia. “O que agrava a situação é que a maioria das empreiteiras do país estão envolvidas na Operação Lava-Jato”.  Ele explicou que há um efeito cascata, já que se o pedreiro é mandado embora, o servente também acaba por perder o emprego.

Armando Santos da Silva afirmou que o perfil destes trabalhadores são de profissionais experientes no mercado, que migram para o Seguro Desemprego e, sem encontrar novos postos de trabalho, migram para a informalidade. Ele disse que economicamente o efeito é devastador para a economia da cidade e que muitos sindicatos no país podem baixar as portas no país.

“O arroxo é para todos. A classe social mais afetada é a dos mais pobres. Nós tivemos um retrocesso trabalhista e a falta de credibilidade política implantados no país. Os candidatos nas últimas eleições não falaram de crise, mas, no primeiro impacto, os que foram eleitos falaram nela. Estamos assustados com o desemprego. Não temos uma esperança de melhora com esse governo”, finalizou Zé Cria.

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