Um estudo da LCA Consultoria Econômica revelou que a taxa de 20% sobre importações de até US$ 50, aplicada há mais de um ano, não cumpriu o objetivo de fortalecer a indústria nacional. A medida, criada para proteger o varejo brasileiro e gerar empregos, acabou resultando em efeitos opostos: o crescimento do emprego nos setores têxtil, varejista e de manufatura foi de apenas 0,9%, enquanto a economia nacional como um todo avançou 3% no mesmo período.
Segundo o levantamento, o mercado de trabalho brasileiro não reage de forma imediata a mudanças tributárias isoladas. Entre os fatores que travam a resposta estão os altos custos de contratação e demissão, além da rigidez da legislação trabalhista, que dificulta ajustes rápidos por parte das empresas.
Outro impacto direto foi a queda de 43% nas importações de baixo valor, especialmente em categorias como cosméticos, pequenos eletrônicos e ferramentas. Contudo, essa redução não foi suficiente para estimular a compra de produtos nacionais — já que muitos desses itens não possuem equivalentes produzidos no Brasil a preços competitivos.
Em vez de gerar empregos, a taxa acabou encarecendo o acesso a bens de consumo básicos e reduzindo a variedade disponível, prejudicando principalmente as famílias de renda média e baixa, que dependem de plataformas internacionais para conseguir preços mais acessíveis.
O estudo conclui que a medida representa um exemplo clássico de política econômica mal planejada: um imposto que não gera desenvolvimento, aumenta a burocracia e pune os mais pobres, sob o pretexto de proteger uma indústria que não recebeu incentivos reais para crescer. Enquanto isso, o consumidor segue pagando a conta de um modelo tributário que continua desigual e ineficiente.





