‘Sou feirante: era o que eu podia dar, mas ele não quis, desabafa pai ao reconhecer corpo do filho

Após dois dias de angústia e buscas incessantes, o feirante Cláudio Lima, morador da Vila Cruzeiro, uma das comunidades que integram o Complexo do Alemão, viveu o momento que mais temia: encontrou o corpo do filho, Hércules Célio Lima, nas primeiras horas da manhã de quinta-feira (30).

Desde a megaoperação policial realizada na terça-feira, Cláudio passava horas vasculhando fotos e vídeos que circulavam nas redes sociais, na esperança de encontrar alguma pista do paradeiro do filho. As buscas, no entanto, terminaram em tragédia.

Hércules, que foi criado pelo pai com o apoio da mãe, tinha uma relação marcada por carinho e cumplicidade. Segundo Cláudio, o jovem sempre foi “companheiro e tranquilo”, até que, por volta dos 18 anos, passou a demonstrar revolta com a vida e acabou se aproximando do crime organizado — um caminho que o pai tentou evitar, mas que não conseguiu impedir.

“Ele era meu menino, mesmo com todos os erros. A gente só queria uma chance de recomeçar”, disse Cláudio, em prantos.

O feirante contou que ainda conseguiu esboçar um sorriso triste ao lembrar da paixão do filho pelo Fluminense. Hércules vestia a camisa tricolor quando foi encontrado sem vida — imagem que, segundo o pai, jamais sairá de sua memória.

Agora, entre lembranças e solidão, Cláudio tenta reunir forças para seguir em frente, enquanto a comunidade volta a lidar com o luto e o medo deixados pela operação, uma das mais letais já registradas no Rio de Janeiro.

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