Sarampo pode atingir 8,5 mi sem vacina em Minas

 

Uma doença altamente contagiosa, cujo agente causador é capaz de atravessar estados, países e até continentes em curto espaço de tempo, representa uma ameaça concreta para cerca de 40% da população de Minas. Ao mesmo tempo em que se anuncia que o Brasil está prestes a perder o certificado de país livre do sarampo, números das autoridades sanitárias indicam que são cerca de 8,5 milhões de pessoas sem imunização adequada em território mineiro, considerando a primeira e a segunda doses da vacina (veja quadro com a cobertura por faixa etária).

A perda iminente da certificação internacional está relacionada ao registro de um caso endêmico, em fevereiro deste ano, no estado do Pará, o que fez com que o alerta das autoridades sanitárias fosse ligado. Em Minas Gerais, há apenas um caso registrado neste ano, mas considerado importado. Mesmo assim, a preocupação de o vírus chegar ao território mineiro é real, diante da cobertura vacinal abaixo da meta.

A estimativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) é de que haja aproximadamente 3 milhões de pessoas entre 1 e 49 anos que não receberam a primeira dose da vacina tríplice viral – que também protege contra rubéola e caxumba. Em relação à segunda dose, a situação é ainda pior. A estimativa é de 5,5 milhões sem proteção. As doses são distribuídas gratuitamente o ano todo nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas mostram preocupação e recomendam a vacinação.

Casos de sarampo voltaram a ser registrados no país no ano passado, associados à chegada de imigrantes venezuelanos a Roraima, na Região Norte. A Venezuela enfrenta surto da enfermidade. Em 2018, foram 10.326 casos, com 9.803 registros no Amazonas, 361 em Roraima e 79 no Pará. O pico ocorreu em julho, com 3.950 registros. O alerta aumentou quando o Ministério da Saúde confirmou o caso endêmico da doença (transmissão dentro da própria região, sem que o contágio tenha ocorrido em outros países ou em contato com viajantes), em fevereiro deste ano, e comunicou à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Com isso, o país perderá o certificado de território livre do sarampo depois de três anos. O governo federal afirmou que vai iniciar um plano para retomar o título nos próximos 12 meses.

A volta do sarampo deixa autoridades sanitárias nacionais em alerta. “É uma doença que preocupa em qualquer momento e em qualquer lugar do mundo. O sarampo é uma infecção grave e extremamente transmissível. Se houver alguém vulnerável, é forte a probabilidade de a pessoa ser infectada. Não existe fronteira para o vírus. A doença atravessa o planeta rapidamente”, afirma o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling.

Fonte: João Henrique Vale

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