O poder de compra do salário mínimo brasileiro apresentou melhora em relação ao governo anterior, segundo dados recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 2025, o rendimento mínimo é capaz de adquirir um número ligeiramente maior de cestas básicas em comparação com o mesmo período de 2022.
No entanto, especialistas alertam que o aumento no poder de compra é, em parte, ilusório. Isso porque o atual governo promoveu uma revisão nos critérios da cesta básica nacional, retirando diversos itens considerados essenciais, como carne bovina de primeira, café e manteiga — substituídos por alternativas mais baratas ou simplesmente suprimidos da lista oficial.
Economistas destacam que, embora os índices de inflação alimentícia estejam mais controlados, a exclusão de produtos encarece indiretamente o custo da vida real das famílias, que continuam consumindo esses itens fora da composição oficial. “É uma melhora estatística, não prática. O trabalhador continua sentindo o peso no bolso”, afirma o economista Marcelo Nogueira, da UFRJ.
A cesta básica, utilizada como referência para o cálculo do salário mínimo e do custo de vida, é monitorada em 17 capitais brasileiras. A mudança na sua composição, segundo o governo, teria como objetivo “modernizar” o índice e adaptá-lo aos hábitos de consumo atuais.
Críticos, no entanto, enxergam a medida como uma “maquiagem” nos indicadores sociais. “Quando se reduz o conteúdo da cesta, é natural que o salário pareça render mais. Mas o trabalhador não come estatísticas”, ironizou a economista Luciana Alves, do Dieese.
Fonte: DIEESE / UFRJ / Ministério do Trabalho e Emprego







Você precisa fazer login para comentar.