Professores da Ufla discordam da forma como o ensino remoto foi implementado

Desde o início da pandemia de Covid-19, as universidades, institutos federais e cefets adotaram o Ensino Remoto Emergencial (ERE) como alternativa às atividades presenciais, para dar continuidade ao calendário acadêmico. Além do estresse causado pela situação pandêmica, as e os docentes tiveram que lidar com a falta de estrutura apropriada, desconhecimento das tecnologias, dificuldade de acesso à internet, além de conciliar as rotinas de ensino com as tarefas domésticas e a convivência familiar.
O impacto dessas condições de trabalho na saúde da categoria bem como no desempenho das atividades acadêmicas e do aprendizado está sendo pesquisado e documentado pelas seções sindicais e pelas universidades.
Diante deste cenário, a Associação de Docentes da Universidade Federal de Lavras (ADUFLA), contratou a Alfa Pública Consultoria Júnior em Gestão, empresa júnior do curso de Administração Pública da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na qual foram adotados o trabalho remoto e o estudo remoto emergencial (ERE) para a manutenção das atividades acadêmicas da universidade durante este período, a fim de realizar uma pesquisa com todos os seus docentes.
“De todos os docentes que responderam, 95,9% estão dando aula de forma remota, sendo que na grande maioria os docentes acreditam que estão trabalhando de 25% a 50% a mais do que trabalham presencialmente, se sentindo sobrecarregados se comparado ao trabalho presencial. De modo geral, se destacaram alguns pontos principais acerca da percepção a respeito das condições gerais do trabalho remoto, que foram: a sobrecarga de trabalho durante o isolamento social e a falta ou falho apoio geral da UFLA”, aponta o levantamento.
O formulário foi enviado via e-mail a 8.461 docentes da universidade, sendo estes associados ou não à ADUFLA, e foram obtidas 246 respostas que representam cerca de 30% do corpo docente da instituição, o que permitiu, portanto, uma análise amostral dos dados. Com relação ao perfil dos docentes que responderam à pesquisa, grande parte se identificou com o gênero masculino, representando um percentual de 60,6%. Além disso, vale ressaltar que a maior parte dos docentes estão na faixa etária de 30 a 39 anos ou de 40 e 49 anos. O perfil familiar revelou que os docentes, em grande maioria, não moram sozinhos, sendo que a maioria tem como companhia uma ou três pessoas. Um dado que se relaciona a esta questão é o fato de 27,6% dos docentes afirmarem ter dois filhos.
Atrelado a isso, a maioria afirmou que auxiliam nas tarefas doméstica, com um tempo médio de 2 a 4 horas diárias destinadas a estas atividades. Já em um âmbito de saúde mental, vale destacar que um percentual baixo de docentes afirmou ter desenvolvido ou agravado algum sofrimento psíquico durante o trabalho remoto. Contudo, muitos alegaram se sentir desmotivados para ministrar suas disciplinas, mostraram estar sobrecarregados, com a jornada de trabalho maior, tendo que se dividir entre trabalho, afazeres domésticos e família.
Não ao retorno presencial sem segurança
Esses são alguns dos levantamentos realizados sobre as condições do trabalho docente durante a pandemia. E, embora a situação esteja longe do ideal, o retorno sem as condições sanitárias adequadas e a imunização em massa também é rejeitado pela categoria docente.
Para o ANDES-SN, “a ameaça da variante Delta se mostra cada vez mais concreta e, não obstante tudo isso, de forma temerária e irresponsável ainda se notam situações em que trabalhadores e trabalhadoras da educação são levado(a)s ao retorno de atividades presenciais, colocando em risco suas vidas, e de seus familiares, bem como intensificando potencialmente a disseminação da doença”.
Esse é o caso, por exemplo, da UFLA que, por meio da Portaria nº 787/2021 e de forma contrária a todas as expectativas da comunidade acadêmica, determinou o retorno integral das atividades técnicas e docentes, com sinalização de uma retomada massiva – ainda que não integral – de estudantes até o final do mesmo mês.
“Com ciclos de vacinação ainda incompletos ao conjunto de servidores e servidoras da universidade, a medida coloca em risco não só a comunidade universitária como toda a cidade de Lavras-MG”, alerta a diretoria do ANDES-SN em nota de repúdio.
O impacto dessas condições de trabalho na saúde da categoria bem como no desempenho das atividades acadêmicas e do aprendizado está sendo pesquisado e documentado pelas seções sindicais e pelas universidades.
Qualidade
Uma quantidade considerável de docentes alegou ter precisado descontinuar  algum conteúdo por falta de recursos. Diante de tudo que foi relatado, apenas 8,5% dos indivíduos participantes julgam o estudo remoto como excelente e a maioria não concorda com a forma com que ele foi implementado pela UFLA, embora concordem com a manutenção do estudo mesmo que remoto no contexto da pandemia.
Apesar disso, os docentes afirmaram que conseguiram adaptar suas disciplinas ou que conseguiram as adaptar parcialmente, houve dificuldade de adaptação das disciplinas práticas ao ERE, os docentes relataram que essas foram as mais prejudicadas. Pensando ainda no estudo remoto, quase metade respondeu ter tido que renunciar ou reduzir alguma atividade, e alegaram que as capacitações e treinamentos foram suficientes para superação das barreiras do ensino remoto.
Além disso, dizem haver falta de diálogo e falta de autonomia no processo de implementação do ERE. Segundo eles, a participação direta nas tomadas de decisão é mínima, mas ter órgãos representativos ativos já agrada boa parte dos professores. Apesar disso, as decisões administrativas tomadas ao longo da quarentena não agradaram grande parte dos docentes, pois segundo eles foram tomadas rapidamente,
sem muita reflexão.
Mediante tudo que foi abordado acerca do ensino remoto emergencial, os docentes sugerem, principalmente, maior autonomia dos mesmos para definição e periodicidade do ERE, a disponibilização de monitores/tutores, apoio financeiro e material da universidade e diminuição da carga horária semestral. Para mais, consideram inviável a volta presencial às atividades caso não houver vacina eficaz disponível.
Decisões administrativas 
A maioria dos docentes avaliou as decisões administrativas tomadas pela UFLA durante a quarentena de forma negativa. Alegaram, principalmente, que os processos são autoritários, deveriam ser mais participativos, que há forte hierarquia, as decisões são tomadas de cima para baixo, são unilaterais e a maioria das decisões desconsiderou a opinião de docentes e discentes.
Além disso, a rapidez na tomada de decisão foi um fator que muitos consideraram prejudicial aos processos, tendo em vista muitas mudanças devido ao trabalho remoto, os professores consideraram que as
Leia íntegra aqui a pesquisa.
*Com informações do ANDES-SN
Fonte: Corvo Veloz

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