A cidade mineira de Congonhas, com pouco mais de 52 mil habitantes segundo o IBGE, ganhou destaque nacional ao aprovar um reajuste no salário do prefeito, Anderson Cabido (PSB), que passará a receber R$ 43,9 mil brutos. O valor se aproxima do subsídio pago ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é de R$ 44 mil, e supera o salário de todos os prefeitos das capitais brasileiras.
Aprovado em regime de urgência pela Câmara Municipal de Congonhas e sancionado no dia 3 de dezembro, o aumento representa uma elevação de 16% no salário do chefe do Executivo municipal. A justificativa apresentada pelo presidente da Câmara, Igor Souza Costa (PL), baseia-se no orçamento bilionário da cidade, que ultrapassa R$ 7 bilhões, e na ausência de reajustes significativos desde 2008. Segundo Costa, o salário do prefeito vinha sendo corrigido apenas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ao longo dos últimos 16 anos.
“Congonhas é algo fora da caixa”, afirmou Costa, destacando que, diferentemente de deputados e outros políticos, o prefeito não recebe verbas indenizatórias, como auxílio-paletó ou verba de gabinete. “O salário é único e sujeito a descontos”, acrescentou.
Superando capitais e governador de Minas Gerais
O reajuste coloca o prefeito de Congonhas à frente de prefeitos de grandes capitais, como Ricardo Nunes (MDB), de São Paulo, que recebe R$ 38 mil, e Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, com um salário de R$ 35,6 mil. Até mesmo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que passará a ganhar R$ 41,8 mil a partir de 2025, receberá menos do que o prefeito de Congonhas.
Entre as capitais, o menor salário é o do prefeito de Rio Branco, no Acre. Tião Bocalom (PP) recebe R$ 20,6 mil, menos da metade do valor que será pago ao prefeito da cidade histórica mineira.
Repercussão e questionamentos
A decisão gerou controvérsias, especialmente pela discrepância entre o porte de Congonhas e as capitais do país. Apesar de seu orçamento expressivo — em grande parte derivado da atividade mineradora na região — a cidade enfrenta desafios comuns a municípios menores, como infraestrutura e qualidade de serviços públicos.
Até o momento, a Associação Mineira de Municípios (AMM) não se posicionou oficialmente sobre o caso. A Prefeitura de Congonhas também não respondeu às solicitações de esclarecimentos da reportagem.
Com o novo reajuste, Congonhas se consolida como uma das cidades com maior remuneração para prefeitos no Brasil, colocando em pauta debates sobre a proporcionalidade entre orçamento público, demandas locais e remuneração dos gestores públicos.





