Preconceito contra vira-latas ainda afasta adotantes, enquanto cães SRD lotam o Parque São Francisco em busca de um lar

O Parque São Francisco, em Lavras, abriga hoje diversos cães sem raça definida (SRD) à espera de adoção. Apesar do grande número de animais dóceis, saudáveis e prontos para ganhar uma família, a realidade é conhecida por quem atua na causa animal: muitos adotantes continuam procurando apenas cães de raça, chegando a pedir indicações de criadores e doadores, enquanto os vira-latas seguem invisíveis.

Protetores relatam que, mesmo com campanhas frequentes, sessões de adoção e divulgação nas redes sociais, a busca por cães SRD permanece baixa. “Tem gente que chega perguntando se não tem ‘um de raça’ para doar. Os vira-latinhas ficam esperando, e ninguém pergunta por eles”, lamenta uma voluntária que atua no Parque.

Esse comportamento revela um preconceito ainda enraizado contra os animais sem pedigree, que muitas vezes são vistos como “inferiores” ou “menos desejáveis”. Na prática, porém, especialistas ressaltam que os SRD costumam ser mais resistentes, inteligentes, equilibrados e com menor risco de desenvolver doenças genéticas típicas de raças puras.

Além disso, cada um deles, seja de raça ou não, traz consigo uma história, um olhar carente e a mesma capacidade de oferecer amor incondicional. “Todo animal sente frio, fome, medo e solidão. E todo animal também sabe retribuir carinho”, reforçam os voluntários.

A superlotação é um problema crescente. Sem adoções, novos resgates não conseguem ser feitos, e cães que poderiam viver em lares amorosos acabam passando meses, ou até anos, aguardando uma chance.

A orientação dos protetores é clara: adotar é um ato de responsabilidade, não de estética. Quem pensa em ampliar a família com um animal deve considerar a personalidade, o comportamento e as necessidades do cão e não apenas sua aparência.

O pedido é direto à população:
olhem para os SRD com o mesmo carinho com que olham para cães de raça.
No Parque São Francisco, existem dezenas de focinhos à espera de um olhar diferente e a chance de finalmente serem escolhidos. Cada adoção transforma não apenas a vida do animal, mas também a da família que o acolhe.

Afinal, amor não tem pedigree.

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