Um dos fenômenos mais curiosos — e perigosos — do comportamento humano foi descrito há mais de duas décadas pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, da Universidade de Cornell. O estudo deles revelou algo que hoje parece cada vez mais visível nas redes sociais, no trabalho e na política: quanto menos uma pessoa sabe sobre um assunto, mais tende a acreditar que sabe muito.
Esse efeito ficou conhecido como Efeito Dunning-Kruger, um viés cognitivo que mostra como a incompetência não apenas atrapalha a execução de tarefas, como também nega ao indivíduo a capacidade de reconhecer a própria ignorância. Em outras palavras: ser ruim em algo impede que você perceba que é ruim.
O Paradoxo da Autoconfiança
Segundo os pesquisadores, indivíduos com baixo nível de habilidade em áreas como lógica, gramática ou matemática frequentemente superestimavam sua performance — às vezes achando que estavam no topo do grupo, quando, de fato, estavam entre os piores.
Isso ocorre porque as mesmas habilidades necessárias para fazer bem uma tarefa são as que permitem avaliar bem o próprio desempenho. Quando a pessoa não tem essas habilidades, ela falha duas vezes: não faz direito e não percebe que não fez direito.
O Perigo da Ignorância Barulhenta
Com a ascensão das redes sociais, o fenômeno se amplificou. Pessoas mal informadas falam com extrema confiança, enquanto especialistas — conscientes das complexidades de seus campos — tendem a ser mais cautelosos. É o contraste clássico entre:
A ignorância barulhenta
E o conhecimento silencioso
Essa distorção pode gerar desinformação, extremismos e decisões ruins tomadas por indivíduos que acreditam, erroneamente, ter domínio total do tema.
E a Solução?
O antídoto, segundo Dunning e Kruger, é simples, mas raro:
autocrítica, estudo contínuo e disposição para ouvir quem realmente entende.
Reconhecer a própria limitação é um dos maiores sinais de inteligência — e também o primeiro passo para superá-la.
