Por Diego Nascimento: O poder do respeito

Quem acompanha meus artigos já percebeu que nos últimos dez anos tenho abordado várias questões sobre relacionamento humano, comunicação falada e escrita, além da prática de princípios éticos em qualquer situação da vida. Com o passar do tempo, eu alcancei leitores em diferentes países e nas mais diversas profissões que possamos imaginar.  Em todas as ocasiões, mesmo quando precisei “chamar a atenção” para um determinado tema, eu tive como alicerce um substantivo valioso: o respeito. É sobre isso que falaremos hoje. Reserve ao menos cinco minutos e continue comigo. 

Durante um breve período de descanso, eu decidi passear pelos noticiários da TV. Quando eu estava prestes a mudar de canal, o apresentador anunciou uma reportagem que falaria sobre a flexibilização de bares e restaurantes em uma determinada cidade. Na primeira parte da transmissão, o cinegrafista captou o momento exato de uma cena abominável: um casal que havia recebido um alerta de um dos membros da equipe de saúde e vigilância quanto aos perigos da aglomeração em meio a pandemia de COVID-19 iniciou uma discussão desnecessária,  tentando justificar o injustificável, e desferindo ataques verbais ao agente público que ali estava cumprindo o seu dever. Ignorando até mesmo a presença dos jornalistas, a companheira do homem que foi advertido pelo fiscal disse em alto e bom som: “cidadão não … formado … melhor do que você.” Pode-se perceber que a mulher se baseia em um título acadêmico para ‘justificar’ a contrariedade aos argumentos de alerta e ao simples fato do homem, que não se identificou, ter sido corretamente chamado de cidadão. Uma completa mostra de desrepeito as autoridades e ao próximo. As imagens falam por si. Ao ser entrevistado, o funcionário da prefeitura disse que cenas assim são, infelizmente, rotineiras. 

Cresci ouvindo que respeitar os mais velhos é uma regra básica; a vida me mostrou que a mesma atitude deve abranger também pessoas da mesma faixa etária que a minha e até os mais jovens (a exemplo do caso que descrevi acima). Confesso que tenho o hábito de observar quem está ao meu redor e busco analisar se o discurso acompanha as ações e vice-versa. Nessa linha adiciono uma pitada de compreensão, afinal, ninguém é perfeito. Mas mesmo assim há quem extrapole o limite da decência. Por isso que certa vez, o apóstolo Paulo escreveu uma carta chamada Filipenses e que pode facilmente ser encontrada no Novo Testamento da Bíblia Sagrada. No capítulo 2, versículo 3, encontramos a seguinte orientação: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos.” Em outra oportunidade, o próprio Jesus registrou no livro de Mateus, capítulo 7, versículo 12: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles façam a vocês.”  Observe que o problema é mais antigo do que pensamos e até as Sagradas Escrituras trazem essa temática ao nosso cotidiano. 

Reunindo um pouco da minha experiência profissional e de relacionamento com as pessoas deixo, a seguir, cinco dicas para refletirmos:

  1. Ouça mais e fale menos;
  2. Quer sugerir algo durante uma tomada de decisão? Faça com mansidão;
  3. Autoritarismo não é sinônimo de liderança, mas uma atitude comum em quem é inseguro sobre o amanhã;
  4. Nenhum título acadêmico, cargo ou bens materiais nos isenta de sermos respeitosos com as pessoas. Arrogância tem um significado podre;
  5. Foi alvo de desrespeito? Perdoe, mas jamais deixe de tomar uma atitude de repreensão (recomendo um diálogo esclarecedor caso a outra parte tenha a humildade em ouvir).  

Por fim, eu reafirmo que a minha campanha em prol de mudanças continuará até que eu tenha forças para escrever e palestrar. Já vi pessoas perderam grandes oportunidades simplesmente por alterarem o tom de voz quando advertidas;  testemunhei inúmeras situações no mercado de trabalho onde a busca pela promoção, a qualquer custo, fez com que alguns tropeçassem na soberba a ponto de esquecerem o sentido de equipe … mas,  por outro lado, conheci quem decidiu por reconhecer as falhas e melhorar. 

Ainda há tempo! Pensemos nisso.

Nota:  Em respeito a classe, eu optei por não transcrever a profissão mencionada pela mulher que desrespeitou o agente público durante a reportagem. 

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