Por Diego Nascimento: Ninguém precisa ficar sabendo

 

“Ninguém precisa ficar sabendo” 

Por Diego Nascimento

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Você sabia que o filme Síndrome da China estrelado por Jane Fonda, Jack Lemmon, Michael Douglas, Scott Brady e grande elenco em 1979 traz à tona um roteiro importante e com grandes  ensinamentos para a nossa postura profissional?  Ambientado no estado da Califórnia, Estados Unidos, a produção exibe os perigos da frase “ningúem precisa ficar sabendo.” Continue comigo e entenda porquê.

A repórter Kimberly Wells e o cinegrafista Richard Adams visitam as instalações de uma usina nuclear e presenciam um acidente que apavorou a equipe da sala de controle. Richard secretamente filma o evento e, sem receber mais explicações por parte dos engenheiros e técnicos da operação, a dupla retorna para a emissora e tenta preparar uma matéria jornalística para contar o evento. A ideia é imediatamente descartada pelo chefe de editoria e, preocupados, Kimberly e Richard iniciam uma investigação por conta própria. Para surpresa de todos,  Jack Godell que atua como supervisor da usina descobre a falsificação de documentos que evidenciam uma potencial falha na soldagem de bombas que compõem a estrutura do reator. Godell questiona seus superiores e pede a paralisação temporária da usina até que novas apurações e reparos sejam feitos. O detalhe é que todo o trabalho de revisão poderá custar milhões de dólares à companhia e os diretores dizem que isto está fora de cogitação. O resultado disso? O  supervisor Jack Godell invade a sala de controle e requisita a presença da  dupla Kimberly e Richard para uma transmissão ao vivo na emissora de TV onde quer contar sobre os perigos da existência de uma usina nuclear que não segue os protocolos  de segurança.  Enquanto Godell inicia a sua entrevista,  a diretoria autoriza um procedimento perigoso no maquinário do reator e deixa Jack em pânico. Nesse  intervalo, a equipe de  operações especiais da  polícia invade a sala e mata Jack Godell a tiros. A usina quase explode por uma decisão equivocada do alto escalão e, mesmo diante  de todo o caos, um porta-voz da diretoria vai para diante dos repórteres ansiosos por informações no lado de fora e afirma que está tudo bem e que a usina é completamente segura. Embora haja mais detalhes em todo esse cenário (e você precisará assistir ao filme para conhecer)  quero aproveitar este incrível roteiro e trazer algumas considerações. 

  1. A produção foi intitulada de Síndrome da China por causa do físico nuclear Ralph Lapp que  em 1971 fez uso dessa expressão com o objetivo de explicar as consequências de um acidente com o reator. O aquecimento interno se tornaria incontrolável permitindo o escape de material radioativo para o solo e a atmosfera. Naquela época, o exemplo hipotético foi baseado na contaminação até mesmo do núcleo da terra, permitindo que o vazamento chegasse até o outro lado do mundo, ou seja, o país asiático. Daí a Síndrome da China;
  2. O visível conflito de interesses por parte dos dirigentes da usina poderia resultar  em um  acidente traumático, criando  uma nuvem radioativa com milhares de quilômetros de extensão, poluindo o meio ambiente e ampliando a incidência dos mais diversos tipos  de câncer nos  contaminados (e por gerações);  
  3. Curiosamente, o mundo assistiu a alguns desastres nucleares algum tempo depois: em Three Mile Island, Estados Unidos – 1979  e  Chernobyl, Rússia – 1986;
  4. Ao longo da história, tragédias pré-anunciadas ganharam o destaque na mídia. Em algumas, o amadorismo e a imprudência falaram mais alto e o preço pago envolveu o sepultamento de pessoas inocentes. 

Confesso que o filme fez com que eu refletisse sobre como coisas simples, contadas como vantagem por determinadas pessoas, e que na verdade estão de forma subliminar na frase “ninguém precisa ficar sabendo.” Vamos para algumas: a) as tradicionais “mentirinhas” que se tornaram uma resposta rápida para indagações de seus líderes no trabalho,  amigos e familiares, b) aquela infração de trânsito que quase matou outra pessoa, c) o troco dado a mais pela atendente do supermercado e que foi guardado no bolso com total ciência do comprador que enxergou o feito como um ato de esperteza, d) a atividade que um profissional negligência por preguiça ou incompetência, trazendo consequências diversas para a empresa a qual trabalha e a comunidade onde vive, e) naquele “jeitinho” que mais cedo ou mais tarde poderá expor uma ferida grave e assim vai … exemplos aparentemente banais em certo momento, mas com consequências inimagináveis. 

Por fim, eu entendo que jamais testemunharemos um mundo perfeito, afinal, a falibilidade humana nos circunda o tempo todo. Porém, o princípio de causa e efeito é claro sobre as escolhas que fazemos e os frutos bons ou ruins colhidos a curto, médio e longo prazo. A falta de responsabilidade da usina citada no filme poderia ter causado uma tragédia sem precedentes. O próprio apóstolo Paulo, na Bíblia Sagrada, alertou sobre a necessidade de profissionalismo em tudo o que fazemos. Em sua carta a um grupo de pessoas na cidade de Colossos, Grécia, escrita aproximadamente 1940 anos atrás, encontramos o seguinte: “E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens,”. 

A frase “ninguém precisa ficar sabendo” pode custar caro. Fazer a coisa certa é sempre a melhor escolha. Afinal, ELE, o Senhor, sabe de todas as coisas! 

Até o próximo artigo. 

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