Por Diego Nascimento
Especial para o Linkedin
Estados Unidos, 16 de julho de 1969. Essa foi a data em que os astronautas Neil Armstrong, Edwin (Buzz) Aldrin e Michael Collins decolaram do Kennedy Space Center (Flórida) a bordo da Apollo 11 rumo ao maior desafio de suas vidas: pisar na Lua. Após viajarem cerca de 385 mil Km ao longo de quatro dias, o trio chegou ao destino final e toda a ação foi televisionada ao vivo atingindo a incrível marca de 500 milhões de espectadores em todo o planeta.
No meio de toda a repercussão desse evento que marcou a década de 1960, um personagem fez história nos bastidores da Agência Espacial Norte Americana. O nome dele era John Maxwell Stout e, por meio das boas práticas da comunicação, tive a chance de fazer parte do enredo que conta a vida desse lendário cientista texano.
Nascido em 1922, o jovem engenheiro formado pela reconhecida Texas A&M teve uma participação importante como oficial do exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial. De volta aos Estados Unidos, concluiu o mestrado em Engenharia Química. Poliglota e atendendo ao chamado missionário, Stout e sua esposa Hellen decidiram se mudar para a cidade de Lavras, localizada no sul do estado de Minas Gerais, Brasil. Ali, John Stout assumiu disciplinas nos cursos de graduação da Escola Superior de Agricultura (Esal, hoje UFLA) e no Instituto Presbiteriano Gammon. Foi nesse período em que algo extraordinário aconteceu: após acompanhar pelo rádio a notícia de que os russos haviam lançado o primeiro satélite artificial, o cientista calculou prováveis rotas e desenvolveu um equipamento capaz de captar imagens fotográficas. Assim, numa noite de outubro de 1957, no que hoje é o campus histórico da Universidade Federal de Lavras, Stout captou as primeiras imagens do famoso Sputnik em órbita terrestre (hemisfério sul).
O fato logo se espalhou e, nos dias que se seguiram, a imprensa nacional e até internacional esteve no interior de Minas Gerais para entrevistar John. A façanha fez com que aquele engenheiro mais uma vez retornasse aos Estados Unidos e, dessa vez, convidado a integrar a Missão Apollo na NASA. Ali, John Stout trouxe grandes contribuições técnicas e também atuou como capelão. Notável por sua devoção a Deus, John foi o responsável pelo envio da primeira Bíblia ao espaço em 1971. A bordo da Apollo 14 e transportado pelo astronauta Edgar Mitchell, o microfilme contendo o livro sagrado (composto de 1.245 páginas e 773.746 palavras) foi batizado de a Bíblia Lunar. Uma das réplicas integra o acervo e está disponível para visitação no Museum of the Bible em Washington, DC.
Os anos se passaram, eu vim ao mundo e passei a infância ouvindo histórias daquele casal estrangeiro que havia vivido na cidade em que nasci: Lavras, Brasil. O interessante é que ao longo do curso de graduação em Jornalismo, aprendi que a comunicação é capaz de trazer grandes oportunidades. Pensando nisso, comecei uma pesquisa na tentativa de localizar mais informações sobre os Stout (durante a faculdade, mesmo trabalhando, iniciei meus estudos na língua inglesa e essa atitude foi fundamental para o que você lerá daqui a pouco). Para a minha surpresa, John Maxwell Stout estava vivo e morando no interior do Texas. Imediatamente fiz contatos e rapidamente fui atendido por Preston Kirk, Relações Públicas e ex-correspondente da United Press International, informando que o lendário cientista havia completado 94 anos de idade e estava com a saúde debilitada. Pouco tempo depois, fui apresentado a escritora Carol Mersch (autora de The Apostles of Apollo/Os Apóstolos de Apollo) e, a convite dela, participei de pesquisas e tive a honra de escrever a Introdução de seu mais recente livro intitulado Undaunted (Destemido) e que conta a biografia de Stout. A publicação, disponível apenas no idioma Inglês, foi lançada nos Estados Unidos em novembro de 2019 e já está na livraria do site Amazon.
Por fim, o ícone texano faleceu no dia 6 de dezembro de 2016 deixando um legado de persistência, educação, serviço e fé. Essa é uma das razões que faz com que a Comunicação esteja em meu DNA: muito mais do que a formação acadêmica e experiências profissionais, ela tem permitido que eu ouça, testemunhe e ajude a contar histórias por meio de meus textos e palestras mundo afora.
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