Por Cléa Andrade: Minha Inveja -08/01/21

 

 

Não sei de qual sonho caí, de qual rede despenquei, mas acordei e corri dobrando a esquina, buscando encontrar você mais sua simplicidade; essa que desperta minha inveja, posto que não possuo nem de perto nem de longe nem no meio, de modo algum um proceder como esse. Não a capto na família, na educação, na religiosidade, na infância, na velhice, na carreira, na riqueza, na miséria, na saúde, na doença, tampouco na sabedoria. Não me ensinaram na escola pensando que talvez a trouxesse de casa. Formei uma casa sem ela e aí sua simplicidade me visita desde há muito, aliciando-me suavemente para que eu possa despertar, quem sabe um dia, e curvar-me a ela de bom grado, única forma de tê-la. Por ser visita muita vez perdia sua ilustração que se esparramava pelo chão… e depois voltava; momentos em que tentava congelá-la. E perguntava-me: Por que em mim a simplicidade não faz morada como em você? Seria um treino secreto? Uma escolha divina? Uma falta? Um excesso? Um merecimento? Algo que come? Mas, eu continuava buscando. Por ser o estudo ferramenta sempre presente no meu redor, estudei, pesquisei, concluindo por fim, que o substantivo comum de dois gêneros não se manifesta comumente nos dois gêneros, a despeito de busca-lo. Então, devido à raridade dessa natural manifestação exponencialmente crescente em você fica parecendo muito mais que engarrafou o sol e ilumina o lugar quando convém. Quanto a mim, desprovida desse bem que ora tento encadear nesta persona, coloco minha melhor toalha na mesa, convido você para um café, enquanto meu coração é entregue à certeza da presença da Simplicidade, bem aqui na minha sala, diante dos meus olhos, ofuscando qualquer qualidade que venha a se manifestar nesse momento…

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