Por Cléa Andrade: Meus Dias de Micareta – 08/03/21

 

Ao abstrair do meu tempo de vida os meus dias de micareta, poderia dizer que 75% foram dedicados integralmente a esta prática. Vali das mais variadas fantasias e dos abadás otimizados para além da minha lanterninha de laser. Confesso que o cajado juntamente com a enxada, também compuseram minha personagem um tanto “passé composé”, mas sempre verdadeira. Até quando cantava e dançava tudo o mais também cantava e dançava literalmente, se é que me compreende. Acredite, foram cantos e danças despidos de alegria. Foi de verdade, uma micareta às avessas, utilizada para sobrevivência pessoal, profissional e mental, esta com mais ênfase. Mas passou! Passou porque aprendi a construir dias com alegria pessoal. Passou porque admiti que erro e corrijo numa repetição que não mais me cansa. Passou porque é profético que tempos bons e ruins passem, ou se alternem, ou vêm concomitantemente, um destruindo o sabor do outro. Passou porque seu período de maturação expirou para deixar respirar. Em passando deixou marcas no corpo que ora perde a elasticidade para dançar e a plasticidade para cantar, suportando os efeitos da força centrípeta, pouco importando se é ou não proporcional ao seu tamanho. Deixou também sombras na alma que muda de cor, apesar de ainda ser a mesma. Forma hábil de ensinar, impossível de esquecer. Com períodos agudos de canto e dança que podem tanto nos aprimorar em bondade quanto nos monstrificar de forma horrenda diante do nosso espelho fiel.

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