Poeta Augusto dos Anjos vira nome de rua em condomínio de Lavras

 

 

Um dos personagens mais importantes da história da Literatura Brasileira, o poeta paraibano Augusto dos Anjos (1984-1914), autor do livro “Eu”, cujos versos carregados de pessimismo marcou uma geração de leitores, virou nome de rua em Lavras.

 

O projeto de autoria de um vereador da cidade denomina Alameda Poeta Augusto dos Anjos a Rua Projetada Sete, situada entre as quadras 05, 06 e 07, no Condomínio Montserrat.

 

Vida e obra

 

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 28 de abril de 1884, no Engenho do Pau d’Arco (PB).

 

Seus pais eram proprietários de engenhos, os quais seriam perdidos alguns anos mais tarde, em razão do fim da monarquia, da abolição e da implantação da república.

 

Foi educado pelo próprio pai até ao período antecedente à faculdade. Formou-se em Direito no Recife, contudo, nunca exerceu a profissão. Criado envolto aos livros da biblioteca do pai, era dedicado às letras desde muito cedo. Ainda adolescente, o poeta publicava poesias para o jornal “O Comércio”, as quais causavam muita polêmica, por causa dos poemas era tido como louco para alguns e era elogiado por outros. Na Paraíba, foi chamado de “Doutor Tristeza” por causa de suas temáticas poéticas.

 

Em 1910, casa-se com Ester Fialho, com quem tem três filhos. O primeiro filho morre prematuramente. Quando a situação financeira da família se agrava, com o advento da industrialização e a queda do preço da cana-de-açúcar, o autor muda-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, enfrenta o desemprego até conseguir o cargo de professor substituto na Escola Normal e no Colégio Pedro II, complementando-o com a renda das aulas particulares.

 

Em 1914, transfere-se para Minas Gerais, por causa de uma nomeação como diretor do Grupo Escolar de Leopoldina, a qual conseguiu com ajuda de um cunhado. Após alguns meses da mudança, o poeta morre aos 12 de novembro do mesmo ano, vitimado por pneumonia.

 

Augusto dos Anjos vivenciou a época do parnasianismo e simbolismo e das influências destas escolas literárias através de seus escritores, como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Cruz e Souza, Graça Aranha, dentre outros. Porém, o único livro do escritor, intitulado “Eu”, trouxe inovação no modo de escrever, com ideias modernas, termos científicos e temáticas influenciadas por sua multiplicidade intelectual. Pela divergência dos assuntos tratados pelo autor em seus poemas em relação aos dos autores da época, Augusto dos Anjos se encaixa na fase de transição para o modernismo, chamada de pré-modernismo.

 

O poeta tinha como tema uma profunda obsessão pela morte e teve como base a idéia de negação da vida material e um estranho interesse pela decomposição do corpo e do papel do verme nesta questão. Por este motivo foi conhecido também como o “Poeta da morte”.

Sua única obra marca a literatura brasileira pela linguagem e temática diferenciadas.

 

Eis um trecho de um poema muito conhecido do poeta, chamado “Versos íntimos”:

 

“Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!”

 

 

 

 

 

 

 

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