Pesquisa da Ufla estuda recuperação de áreas degradadas por rompimento da barragem de Mariana

Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (Ufla) estuda se espécies nativas da região de Mariana (MG) foram afetadas com o rompimento da barragem de Fundão, em 2015. O objetivo da pesquisa é avaliar se as espécies da região são capazes de germinar, crescer e sobreviver adequadamente sobre o material constituído pela lama.

“O objetivo da nossa pesquisa é identificar se essas espécies vão ter condições de se desenvolver bem na área, se vai haver alguma restrição, principalmente física, porque o resíduo tem uma característica de encharcar demais, como uma gelatina por baixo e no período de seca pode ressecar demais”, diz a coordenadora a pesquisa, professora Soraya Alvarenga Botelho, do Departamento de Ciências Florestais.

Em 1 ano e meio, mais de 50 espécies nativas foram coletadas na área e agora começaram os testes de campo. Para que isso fosse possível, um caminhão de rejeitos foi recolhido e levado para a universidade em Lavras, onde os testes acontecem.

Especies coletadas na região de Mariana estão crescendo sobre rejeitos na Ufla (Foto: Mayara Toyama / DCOM / Ufla)

“Vamos fazer testes em campo na região e já estamos testando em viveiro. Estamos com cinco espécies plantadas em várias condições: no solo da região, no resíduo e vamos observar o crescimento dessas plantas durante 1 ano aqui nos vasos e no campo”, diz a pesquisadora.

Mesmo com a pesquisa ainda em andamento, os pesquisadores já conseguiram constatar alguns resultados.

“O que a gente tem observado é que algumas espécies estão tendo dificuldades em germinar as sementes diretamente sobre o resíduo, muito mais pela questão da condição física. Mas as espécies que testamos até agora não demonstraram nenhuma toxidez, nenhum problema de crescer sobre o rejeito”, diz Soraya.

Para que a pesquisa fosse possível, rejeitos foram transportados de caminhão até Lavras (Foto: Mayara Toyama / DCOM / Ufla)

Segundo a pesquisadora da Ufla, os experimentos indicam que, a longo prazo, será possível a recuperação da área atingida pelos rejeitos em Mariana.

“A princípio parece que sim. Temos andado lá na região, a Fundação Renova já fez vários plantios, plantou o que era urgente, usando biomantas para cobrir o solo, para não deixar descer mais resíduos. O que a gente verificou é que as plantas estão conseguindo se estabelecer. A questão toda é mais à frente, como esse material vai conseguir crescer.

Segundo pesquisadora, espécies coletadas têm germinado sobre os rejeitos de Mariana (Foto: Mayara Toyama / DCOM / Ufla)

“A gente não sabe se o ecossistema de lá vai voltar a ser como era antes, mas por outro lado, temos que considerar que esse solo ou rejeito é um rejeito natural, do ambiente, é resíduo de lavagem de minério”

“Pode ser que algumas espécies não consigam se estabelecer, pois onde ocorre o minério de ferro, nas partes mais altas, normalmente o que predomina na vegetação é o campo rupestre, ferruginoso. Então é nisso que temos gasto um pouco mais de tempo. Se as quantidades de ferro e outros nutrientes que existem em maior quantidade naquele solo que é natural das áreas altas e que agora está depositado na margem do rio, se ele vai alterar aquele ambiente

A pesquisa deve terminar somente em agosto de 2019.

Fonte: G1

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