O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, gerou forte polêmica ao afirmar que o paracetamol poderia ser utilizado por gestantes de forma segura. A declaração, no entanto, evidencia uma grave incoerência: a própria bula do medicamento — aprovada pela Anvisa e publicada pelos laboratórios fabricantes — alerta que o uso durante a gravidez não é recomendado, salvo em situações estritamente necessárias e sempre com orientação médica.
A fala de Padilha foi duramente criticada por especialistas, que destacam o risco de desinformação em saúde pública. Embora seja um dos analgésicos mais consumidos no Brasil, o paracetamol carrega advertências específicas quanto ao uso em gestantes, já que a substância atravessa a placenta e pode impactar o desenvolvimento fetal. Pesquisas internacionais também vêm apontando possíveis associações entre o uso frequente do fármaco durante a gestação e alterações no neurodesenvolvimento da criança.
Ao minimizar os riscos, Padilha contraria não apenas a bula oficial, mas também a orientação da própria Anvisa, que considera o medicamento de uso restrito em gestantes. Esse tipo de contradição causa insegurança entre as mulheres grávidas e pode levar muitas a acreditarem que o consumo indiscriminado seja inofensivo.
A polêmica evidencia a necessidade de cautela e responsabilidade na comunicação feita por autoridades de saúde. Quando o ministro se distancia das recomendações técnicas e científicas, não apenas fragiliza a credibilidade do Ministério da Saúde, como também coloca em risco a segurança de milhares de gestantes em todo o país.