Pouca gente sabe, mas o primeiro nome de Lavras — Sant’Ana — tem raízes profundas na história de coragem e fidelidade do povo açoriano. A homenagem remonta ao dia 26 de julho de 1581, data em que ocorreu a Batalha da Salga, nas ilhas centrais do arquipélago dos Açores, um dos episódios mais marcantes da resistência portuguesa contra a dominação espanhola.
Naquele dia, os ilhéus da Ilha Terceira enfrentaram e derrotaram as forças espanholas que haviam conquistado Portugal no ano anterior, após a Batalha de Alcântara, em 1580. O conflito fazia parte da tentativa dos reis espanhóis de impor a chamada União Ibérica, unificando os dois reinos sob a coroa espanhola.
A vitória dos açorianos na Batalha da Salga tornou-se símbolo de bravura e lealdade à monarquia portuguesa, mostrando ao reino que, mesmo distantes do continente, os moradores das ilhas defendiam com fervor a soberania de Portugal.
Cerca de um século depois, durante o ciclo do ouro no Brasil colônia, essa lealdade foi recompensada. A monarquia portuguesa, temendo a expansão dos bandeirantes paulistas e possíveis alianças com a Espanha, enviou colonos açorianos para ocupar e proteger as terras das nascentes do Rio Grande — região que daria origem à atual Lavras.
Esses colonos, marcados pela memória heroica de seus antepassados, trouxeram consigo a devoção a Sant’Ana, a quem dedicaram o nome da nova terra. Assim, o título de “Sant’Ana das Lavras do Funil” tornou-se mais do que uma referência religiosa — era também uma homenagem aos heróis do 26 de julho de 1581, data que representava, para os açorianos, a vitória da fé, da liberdade e da identidade portuguesa.
 
				 
															 
				 
															



 
								





 
															