Opinião | Minas entre contradições: IPVA sem isenção ampla e o fim da Semana do Saco Cheio

Minas Gerais tem se destacado por decisões que destoam do restante do país — e nem sempre de forma positiva. Dois exemplos recentes são emblemáticos: a ausência de uma regra ampla de isenção do IPVA para carros antigos e a proposta de extinguir a tradicional “Semana do Saco Cheio” nas escolas estaduais.

No caso do IPVA, enquanto vários estados isentam automaticamente veículos com mais de 20 anos de fabricação, em Minas o benefício é restrito. Por aqui, só estão livres do imposto os carros com mais de 30 anos reconhecidos como de coleção, com a chamada placa preta. O argumento oficial é evitar que veículos em más condições sigam circulando. Mas, na prática, a medida penaliza motoristas que mantêm carros antigos em uso digno, ao mesmo tempo em que privilegia um pequeno grupo de colecionadores.

Na educação, o cenário é igualmente controverso. O secretário Rossieli Soares anunciou a intenção de acabar com a “Semana do Saco Cheio”, que coincide com o Dia do Professor e garante alguns dias de descanso a alunos e docentes em outubro. A decisão colocaria Minas como o único estado do Brasil a abrir mão dessa pausa. Mais do que um simples recesso, trata-se de um gesto de valorização e de cuidado com a saúde mental da comunidade escolar — e a tentativa de extingui-lo soa como insensibilidade diante das pressões do dia a dia em sala de aula.

Esses dois casos revelam um padrão: em vez de aproximar-se da população, Minas parece caminhar na contramão do bom senso, seja ao manter um imposto pesado sobre carros antigos, seja ao ameaçar retirar dos professores e alunos um direito simbólico e necessário.

Se a intenção do governo é modernizar, o risco é transmitir outra mensagem: a de que, em Minas, tradição só vale quando serve ao Estado — e não quando fortalece o cidadão.

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