A madrugada desta quarta-feira (29) foi marcada por uma cena de desespero e indignação no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Moradores levaram ao menos 65 corpos até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais vias da comunidade, em protesto após a operação policial que já é considerada a mais letal da história do estado.
Desde o início da ofensiva, deflagrada na terça-feira (28), o número de mortos subiu para 129, segundo informações atualizadas. O governo havia divulgado anteriormente que 64 pessoas haviam morrido, sendo 60 suspeitos e quatro policiais civis e militares. No entanto, os corpos levados à praça não constavam nos números oficiais, conforme confirmou o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, nesta quarta.
As imagens que circulam nas redes sociais mostram dezenas de moradores reunidos, cobrindo os corpos com lençóis e cartazes improvisados, em um ato de denúncia e revolta. A cena impressionou o país e intensificou as críticas à condução das operações em favelas cariocas, especialmente quanto ao número de vítimas e à falta de transparência nos dados divulgados.
A megaoperação, que mobilizou 2,5 mil agentes, tinha como objetivo cumprir 51 mandados de prisão contra integrantes da facção Comando Vermelho. Além das mortes, foram registradas 81 prisões e mais de 70 fuzis apreendidos.
Organizações de direitos humanos e a ONU pediram investigação urgente e independente sobre as circunstâncias das mortes. Enquanto isso, a comunidade da Penha vive dias de luto, medo e incerteza — em meio à maior tragédia recente da segurança pública no Rio de Janeiro.
📸 Tomaz Silva/Agência Brasil
📸 REUTERS/Ricardo Moraes













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