Metade do dinheiro na mão para ter imóvel pela Caixa

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Quem estava pensando em comprar ou vender um imóvel usado com empréstimo da Caixa vai precisar rever o negócio. A partir de segunda-feira, o banco vai reduzir de 80% para 50% o valor máximo do financiamento nas operações do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que viabiliza imóveis de até R$ 750 mil. Com a restrição, especialistas preveem um colapso no setor, com direito a encalhe de unidades. O motivo é simples. Dos imóveis à venda em Belo Horizonte, 75% são usados. E a maioria depende de financiamento para mudar de mãos. Para as unidades que se enquadram no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), a redução será de 70% para 40%.

Sem dinheiro para entrada, muitos compradores devem recorrer aos imóveis novos, conforme afirma o presidente da Associação dos Mutuários de Minas Gerais (AMMG), Sílvio Saldanha. De acordo com ele, no entanto, a estratégia é arriscada.

“Muita gente vai investir em um imóvel novo, que é mais caro, porque não tem dinheiro suficiente para a entrada de um usado. E se endividar além do limite em um cenário como o atual é muito perigoso”, afirma Saldanha.

O tempo para comercializar imóveis usados deve aumentar substancialmente, conforme avalia o vice-presidente de Corretoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Flávio Galizzi. “Vai ficar mais difícil vender, é inegável”, aponta.

Causa

A redução do crédito é reflexo, principalmente, do saldo negativo da captação líquida da poupança (diferença entre depósitos e resgates) nos três primeiros meses do ano. E é exatamente este dinheiro que o governo utiliza como empréstimo para que as pessoas comprem imóveis de até R$ 750 mil.

Na avaliação do presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Kênio de Souza Pereira, as regras para imóveis novos também podem sofrer alterações no futuro. A mudança prejudicaria (e muito) quem comprou imóvel na planta, pensando em financiar o restante junto ao banco público depois de expedido o Habite-se. Neste caso, distratos seriam constantes.

Ele ressalta que uma cláusula comum nos contratos de compra e venda de imóveis na planta é o financiamento junto à construtora na impossibilidade de fazê-la junto ao banco. O problema é a taxa: IPGM + 12% ou IPCA + 12% ao ano.

Insegurança

A advogada Fabiana Saade Malaquias se enquadra na situação. Há alguns meses ela comprou um apartamento na planta, financiando o imóvel junto à construtora. A ideia é buscar crédito junto à Caixa em dezembro, quando o edifício deve ficar pronto.

“As alterações constantes do governo têm me deixado insegura. Por isso, já estou sondando os bancos privados e até consegui bons retornos”, afirma.

O presidente da AMMG afirma que procurar outros bancos é o primeiro passo. “Embora a Caixa seja utilizada como balizador do mercado, é possível que o comprador encontre taxas atrativas na concorrência. Por que não?”, orienta.

Em meados de abril, o banco aumentou os juros para financiamento imobiliário pela segunda vez em 2015. A taxa balcão subiu de 9,15% para 9,45% ao ano. Para quem tem relacionamento com a Caixa, os juros saltaram de 8,70% para 9%.

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