Leitor reclama de portões eletrônicos em Lavras

Portões de garagem que quebram a cara do cidadão

 

Toda cidade brasileira deve ter, afinal somos iguais de norte a sul, (como é mesmo?) do Oiapoque ao Chuí. Com Lavras não seria diferente. Você está andando na rua e, de repente, uma pancada na altura da testa, ou do nariz, ou dos dentes. Uma pancada forte, com um ferro cheio de quinas e parafusos, podendo causar bastante destruição em nossa frágil estrutura corporal. Aconteceu comigo, em janeiro passado. O sol arrebentando com tudo, ao meio do dia, sem sombras, e eu voltando apressado do restaurante, para vestir a roupa suja de novo e trabalhar de servente de pedreiro na minha obra. Passava por uma rua central, não muito larga, e um carro estava sendo tirado de sua garagem; A empregada da casa pegando informações finais à janela do carro, com a patroa. Motoqueiros aguardando; barulho de motores. O portão da garagem aberto, daqueles que se levantam e fazem uma ponta pra cima, “invisível”, afinal fica camuflada junto à parede da própria casa. E fica a ponta de ferro exatamente à altura da cabeça do transeunte, aguardando sua chegada. Pega a testa ou qualquer parte do rosto. E então bati forte e caí de costas. Ao cair a cabeça já zoava e quase quebrei o braço na altura do pulso. Devo ter falado algum palavrão. Assustado tentava imaginar o que se dera com meu rosto e se aquilo não traria consequência piores das que eu já sentia. Levantei-me rápido e vi que alguns transeuntes acharam graça. A dona da casa saiu do carro e me acudiu, pediu a empregada para trazer água e já me levava pra dentro de sua casa. Perguntava se eu estava bem e eu respondi que sim, ainda meio bobo, sentindo e vendo algum sangue descendo para a ponta do nariz. A pancada pegou mais na testa, mas também abrangeu o nariz e altura da boca. Depois da água me arrumaram gelo e curativo; O galo na testa estava feio. Voltei para meus afazeres, com um pouco de dor de cabeça. Convivi com manchas roxas na altura dos olhos por alguns dias. Hoje, mais de um mês depois, passo na mesma rua e o portão está lá, do mesmo jeito. Vai pegar mais testas, ou nariz, ou dentes. É só questão de tempo, porque trata-se de uma macabra “loteria”, que vai contemplar outros –  e não devo ter sido o primeiro. É muito humilhante e dolorido. Mas, em Lavras, não há só aquele portão com poderes assassinos. Existem muitos outros. Em prédios chiques e casas diversas. E ninguém vai mudar nada. Não haverá lei (ou prefeito e vereadores) que acabe com isso. Não mesmo! Não fiz o B.O. – devo  ter errado. Se mais alguém tomar pancada de portão de ferro na cara por aí, na nossa cidade, vou me sentir um pouco culpado. O que fiz foi agradecer a Deus por aquele dia não estar correndo (costumo dar uns piques pela rua). No mais foi uma lição: andarei mais devagar – tenho que passar a andar mais devagar… Aquela música do Almir Sater, que a maioria gosta, “ando devagar porque já tive pressa…”, até que enfim passou a fazer algum sentido pra mim. É isso, vou andar devagar pela rua, se outro portão “invisível” lavrense (ou brasileiro) vier na direção de minha cabeça, ao menos o galo será menor e não cairei de costas, provocando risadas de meus conterrâneos e contemporâneos.

Carlos Antonio Pinto

O Lavras 24 horas informa que o conteúdo dos textos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores, não  refletindo necessariamente a opinião do Comitê Editorial.

Compartilhe esta notícia:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Últimas Notícias