Durante julgamento por danos morais, magistrado usa tom sarcástico ao abordar traição e dá “conselho” inusitado ao réu.
Em uma decisão inusitada proferida pelo Juizado Especial Cível da Comarca de Uberaba (MG), um juiz utilizou tom irônico ao comentar a infidelidade de um homem que foi pivô de uma briga entre duas mulheres. O magistrado, ao relatar o caso de agressões e ofensas decorrentes de um relacionamento extraconjugal, chegou a “ensinar” o réu a mentir para evitar confusões futuras.
“A bem da verdade, o que deveria o Réu ter feito era simplesmente negado tudo. Negar até o fim. Negar mesmo diante das câmeras, dos vídeos, das fotos, das testemunhas oculares. Negar, negar e negar”, escreveu o juiz na sentença. E completou: “Se não sabe fazer, aprenda com os políticos”.
A decisão, embora tenha acolhido parcialmente o pedido da autora e fixado uma indenização por danos morais, chamou atenção pela forma descontraída e provocativa com que tratou os fatos. O juiz ainda mencionou que “quem ama trai” e que o réu não seria o primeiro nem o último a se envolver em um triângulo amoroso.
Apesar do tom de brincadeira, o juiz reconheceu que os danos morais ficaram configurados diante das agressões e determinou o pagamento de R$ 3 mil por parte da mulher que agrediu a autora, ressaltando que “pouco importa se houve traição”.
A sentença repercutiu nas redes sociais e levantou discussões sobre os limites da linguagem usada por magistrados em decisões judiciais.