O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, registrou alta de 0,43% em abril, conforme dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9). O número representa uma desaceleração em relação a março, quando o índice ficou em 0,56%, mas ainda reflete pressões significativas nos setores de alimentação e saúde.
Os grupos que mais influenciaram o resultado foram Alimentação e bebidas, com alta de 0,82%, e Saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,18%. Juntos, esses dois grupos responderam por mais de 75% do índice do mês. O tomate (14,32%), a batata-inglesa (18,29%) e o café moído (4,48%) foram os principais vilões nas compras do supermercado. Já no setor de saúde, os medicamentos tiveram reajuste autorizado de até 5,09% a partir de 31 de março, impactando diretamente o índice com uma alta de 2,32% nos preços.
Em contrapartida, o grupo Transportes foi o único a registrar queda, com recuo de 0,38%, puxado principalmente pela redução de 14,15% nas passagens aéreas. Houve também diminuição nos preços dos combustíveis, como óleo diesel (-1,27%), gás veicular (-0,91%), etanol (-0,82%) e gasolina (-0,35%).
No acumulado de 12 meses, o IPCA passou de 5,48% em março para 5,53% em abril, superando o teto da meta de inflação estipulada pelo Banco Central. No acumulado do ano, a inflação chega a 2,48%.
Especialistas do IBGE alertam para o aumento da difusão da alta de preços, que subiu de 55% para 70% — ou seja, mais itens passaram a apresentar elevação de preços, ainda que em menor intensidade. “Mesmo com desaceleração, o grupo alimentação tem o maior peso e segue impactando significativamente o índice”, explicou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE.
Com a inflação anualizada acima da meta, o comportamento dos preços dos alimentos, medicamentos e combustíveis deverá ser determinante para os próximos passos da política monetária, especialmente em relação à taxa básica de juros (Selic).
O cenário segue exigindo atenção redobrada das autoridades econômicas e dos consumidores, que sentem os efeitos diretos no custo de vida — sobretudo em setores essenciais, como alimentação e saúde.