O lema de Pedro Leonardo Reis Luiz, 17 anos, é o famoso “faça você mesmo”. Ele e um grupo de amigos se cansaram de esperar por eventos voltados para a diversão e a arte no município. Por isso, a trupe resolveu por a mão na massa e criaram o Cultura Lavras (foto).
Com a proposta incentivar, promover e produzir cultura no munícipio, o grupo, formado por jovens universitários e do ensino médio, tem promovido uma série de eventos envolvendo apresentações musicais, teatro e literatura nos espaços públicos da cidade.
O movimento começou de forma tímida numa página do Facebook e do Instagram, ganhou seguidores, e conta hoje dezenas de seguidores. “Nós cansamos de esperar que algo na cidade. Quem sabe a hora, não espera acontecer”, diz Pedro Leonardo ao recordar a frase emblemática contida na canção de Geraldo Vandré.
Fundado há nove meses, o movimento á realizou uma série de eventos, que recebem ajuda de patrocinadores e entidades parceiras. Em abril, eles levaram shows de mágica e música para uma creche pública da cidade para marcar o feriado de Páscoa. Em julho foi a vez do Shows de Talento em parceria com o Instituto Presbiteriano Gammon, com a distribuição de um premio no valor de R$ 600 para o ganhador.
Mais recentemente ele promoveu o 1º Cultura Lavras na Praça, com exposições de fotografia e poemas, declamação de textos do grupo Poesia da Bala Chita e apresentações da Banda Romance. O grupo também teve trabalhados realizados com o coletivo Reunião Urbana dos Artistas de Lavras, o RUA, Playing For Change Day, movimento mundial que busca transformar com a música a vida de diversas pessoas ao redor do mundo, o qual lavras já recebeu algumas edições.
Natal
Para Pedro, a cidade, mesmo com todas as tentativas e boas intenções de grupos diversos do setor, continua a oferecer poucas alternativas para quem curte busca por estilos musicais e manifestações culturais diferenciadas. “Não a opção de arte para o publico. O que falta é um movimento catalisador que mude essa realidade”. Para isso, ele afirma que os artistas precisam ocupar o espaço público da cidade, sem esperar um local adequado para mostrar as suas habilidades artísticas.
“A Ufla é uma Suíça cultural de primeiro mundo, mas esses eventos não mantém uma relação com a comunidade de Lavras. É uma ilha de excelência, onde as coisas acontecem sem que a população saiba”, afirmou Pedro Leonardo.
Ele declarou que o setor precisa ser olhado de forma coerente pela iniciativa público-privada. “Precisamos de um projeto de revitalização, que leve a cultura a sério, não só como mero entretenimento. O jovem precisa participar mais. A arte tem um papel importante de transformação social, política e cultura na vida da comunidade. Eu amo o Brasil, mas odeio o jeito de ser do brasileiro”, disse.
Pedro afirmou que a cultura precisa ser vista não é só como entretenimento, mas algo que possa preparar o futuro. “Temos que combater o Brasil de letra minúscula”, afirmou ao citar o antropólogo carioca Roberto da Matta.
A verve do Cultura Lavras será mostrada mais uma vez entre os dias 12 e 19 deste mês. Nesse período o grupo realiza uma campanha para arrecadar brinquedos para serem distribuídos às crianças carentes da cidade. Em breve, o grupo divulgará os pontos de arrecadação. No dia 19, entre 9h e 14h, haverá leituras de poemas, apresentações musicais, entre outras atrações.
“Vamos tentar recuperar um espaço perdido há décadas. Lavras é uma cidade de conteúdo e belezas históricas relevantes, mas que esqueceu tudo isso”, finalizou nosso entrevistado.
