A possível inclusão da tilápia na lista de espécies exóticas invasoras, proposta em análise pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) — órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do governo Lula — acendeu um alerta no setor aquícola e entre representantes do agronegócio.
A medida, que ainda passará por votação nas próximas semanas, é vista como um potencial risco à principal base produtiva da piscicultura nacional. Caso a proposta seja aprovada, poderá resultar em restrições à criação e comercialização da espécie, que responde por cerca de 70% da produção de peixes cultivados no país.
Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o Brasil produziu 662,2 mil toneladas de tilápia em 2024, movimentando milhares de empregos e impulsionando as exportações — especialmente no Paraná, responsável por 36% da produção nacional e líder no mercado externo.
Entidades do setor afirmam que a atividade é altamente controlada e sustentável, com licenças ambientais emitidas pelo Ibama, e alertam que uma eventual classificação como invasora poderia anular licenças, elevar o desemprego e encarecer o preço do pescado.
Em nota oficial, o Ministério do Meio Ambiente negou que haja intenção imediata de proibir o cultivo da tilápia, afirmando que o processo é apenas avaliativo e preventivo. Ainda assim, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) classificou a proposta como uma ameaça direta ao agronegócio, pedindo que o governo reavalie os critérios técnicos da Conabio antes de decidir sobre o tema.
“O risco é comprometer uma cadeia produtiva consolidada, que garante renda, empregos e proteína acessível à população”, afirmou a Peixe BR em nota.
A votação da proposta deve ocorrer em novembro, e o resultado poderá definir se o governo Lula manterá ou limitará a criação da tilápia, hoje o peixe mais cultivado do Brasil.









