A dramaturga Silvia Gomez foi premiada na noite de terça-feira, dia 6, com o prêmio Aplauso Brasil na categoria Melhor Dramaturgia pela autoria da peça “Mantenha Fora do Alcance do Bebê”. Na sua quinta edição, a premiação, que ocorreu no Teatro Porto Seguro – na capital paulista, é uma das mais conceituadas do meio teatral do país.
Com direção de Eric Lenate e elenco com nomes consagrados do teatro e televisão no país, como Débora Falabella, Anapaula Csernik, Jorge Emil e Diego Dac, a peça conquistou o público paulistano nos últimos meses.
A dramaturga é filha do médico e compositor lavrense Eugenio Gomez e da psicóloga Carmen Miriam, e irmã da atriz Débora Gomez, com vários trabalhos no cinema, teatro e TV – atualmente atua na novela Escrava Mãe, da TV Record.
A reportagem do lavras 24 Horas conversou com atriz sobre mais essa conquista na sua carreira. Ela já havia concorrido esse ano ao Prêmio Shell e da Associação Paulista dos Críticos de Arte por conta da peça “Mantenha Fora do Alcance do Bebê”. “Me senti especialmente emocionada de ganhar o prêmio Aplauso Brasil, que é promovido pelo Michel Fernandes, jornalista e crítico, mas sobretudo uma das pessoas na qual enxerguei o mais profundo e comovente amor pelo teatro”, revelou.
Silvia disse afirmou se sentir honrada por concorrido a premiações importantes recentemente, o que classificou como “um sonho louco”. “São prêmios pelos quais passaram grandes nomes da história do nosso teatro, nomes que sempre reverenciei. De repente, eu também estava indicada? Eu? Que demais! Gratidão máxima”. Ela citou o jornalista e crítico Michael Fernandes, criador do prêmio Aplauso Brasil, pessoal na qual enxergou “o mais profundo e comovente amor pelo teatro”.
A dramaturga também descreveu a emoção ao se a plateia assistindo a um texto seu que ganhou vida através dos atores. “É tipo estar vivo, vivo em cada segundo daquilo que você achou que era só um sonho louco e infantil, mas que pode ser também parte da realidade da sua vida”. Ela disse que se sentia feliz pelos mais diversos significações que seu texto ganha a cada apresentação, por se tratar de uma obra aberta.
Pressão
A pressão do jornalismo e da sociedade a cerca das expectativas por um novo trabalho incomoda a dramaturga. “O próximo produto é sempre o que importa. Mas o tempo para uma obra de arte às vezes é outro, um tempo muitas vezes interno e dolorido porque precisa mergulhar no que incomoda a sociedade ou ‘revirar o próprio lixo’, como diz uma amiga dramaturga, Michelle Ferreira”, avaliou.
Silvia Gomez afirmou que no momento tenta terminar um novo texto. “Estou sempre tentando. Mais um pouco, de novo. Essa também pode ser a graça da vida?”. E completou: “Na prática, tento escrever sobre o que me incomoda profundamente, olhar para a sociedade em volta – vejo isso como o papel do artista, o de apontar os perigos. Vejo como um compromisso essencial. E também simplesmente porque é aquilo sem o que eu não poderia viver sem fazer, tipo eu ficaria meio louca dando trabalho pros outros, sabe?”.
Ela disse que pensar nesses momentos, é pensar no Brasil da atualidade. “Precisamos de mais tolerância em relação às diferenças, precisamos de mais atenção e vigília para o Amor, que anda tão frágil. Deve ser um compromisso de cada um, um tipo de esforço pessoal pela delicadeza para superar tempos difíceis, mas, claro, sem nunca abandonar o olhar realmente crítico”. Para a dramaturga, somente com esse tipo de atitude será possível mudar o país “diante do que temos visto em nosso governo”.
