Exposição Fotográfica une passado e presente em imagens de Lavras

Mapear a jornada do tempo sobre a cidade de Lavras. Essa é a proposta da Exposição Fotográfica “Olhares de Lavras: Antes e Depois”, aberta essa semana na Casa de Cultura Bi Moreira. Nela imagens históricas registradas da cidade dialogam com fotos tiradas sob o mesmo ângulo clicadas por membros do Grupo de Fotógrafos Amadores de Lavras.

A iniciativa nasceu como parte integrante da 6ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, organizada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico – IEPHA, que tem como objetivo difundir a herança cultural mineira. A exposição é fruto de uma parceria entre Gerência Municipal de Cultura e o Grupo de Fotógrafos Amadores de Lavras.

Simultaneamente acontecem as exposições “Sagrado” do fotógrafo Robson Rodarte, que retrata a Igreja do Rosário, e “Santo de Casa” dos Fotógrafos Marcus Vinicius, Germano Neto e Fernando Lima, que dá visibilidade às religiões de matriz africana em Lavras e seus terreiros domésticos. As exposições ficarão abertas até 29 de novembro, de segunda a sexta, das 10h às 17h, e sábado, das 9h às 13h.

O Grupo Fotógrafos Amadores de Lavras nasceu há sete anos nas redes sociais com um mesmo objetivo: compartilhar olhares de Lavras e região. O trabalho é coordenado por Carlos Antoniassi (Lavras), Catarina Júlia (Lavras), Gilson Nogueira (Ingaí), José Luiz de Freitas (Bom Sucesso), Lúcia Spilotros (Lavras), Márcio Flávio V. Alvarenga (Lavras), Rogério Salgado (Lavras).

“Pretendíamos reunir aqueles que curtem amadoramente a fotografia, disponibilizando um espaço virtual para mostrar suas fotos e desenvolver melhores técnicas. Embora já se popularizando, a fotografia de qualidade ainda fica restrita a galerias e a publicações especializadas. Pensando nisso, tomamos também como metas a deselitização e a desmitificação dessa arte”, comentam.

Indo além das redes sociais, o grupo promove exposições públicas anuais na Praça Dr. Augusto Silva, aos domingos, com significativa movimentação popular. Já chegaram a expor mais de 200 fotos. “Sempre é muito gratificante ver a interação e sentir o apoio de todos, o que trouxe grande estímulo ao grupo. Seguiram-se, então, diversas outras exposições em outras praças e na Casa da Cultura”. Além das exposições, também já foram realizados cursos de fotografias.

“Percebemos também que, com a participação, os membros mais ativos vinham se aprimorando cada vez mais. Decidimos então desenvolver um curso básico de fotografia aberto a todos os membros e posteriormente fizemos alguns cursos, seminários e palestras abertos ao público em geral”, destacaram.

O último trabalho foi em parceria com o Centro de Desenvolvimento do Talento (Cedet). Após um curso básico preparatório, foi realizada uma excursão fotográfica ao Parque Quedas do Rio Bonito, que culminou em exposição das fotos selecionadas dos alunos em evento comemorativo do aniversário daquele centro.

“Surgiu a necessidade de sair do virtual e passamos a promover passeios fotográficos em Lavras e região, trazendo ao grupo um enorme acervo fotográfico e um grande diferencial entre os demais na área de fotografia na internet. São importantes momentos de confraternização, companheirismo e de muita aprendizagem para os participantes. Todos os membros do grupo são sempre convidados para esses eventos”, contaram.

O grupo também estimula desafios fotográficos com temas específicos. As fotos vencedoras ganham destaque na mídia local. Os membros do grupo já receberam diversos convites para fotografar os municípios vizinhos, seguindo-se de exposições das melhores fotos em praça das cidades, integrando com as atividades de cultura. Em Lavras, neste último ano, a parceria com a Gerência de Cultura rendeu vários convites para fotografar eventos na cidade.

Sem Memória

Todas as imagens usadas na exposição “Olhares de Lavras: Antes e Depois” faz parte do acervo do fotógrafo, colecionador e historiador lavrense Renato Libeck. O material é formado por 60 mil imagens antigas e atuais.

“O espaço urbano de Lavras sofreu grandes transformações nos últimos anos. Quero que essas imagens fiquem para as próximas gerações. Essas fotos aplacam a saudade que temos daqueles bons tempos”, justificou.

Libeck admite que a especulação imobiliária e a falta de uma preservação do patrimônio arquitetônico lavrense gerou uma série de perdas ao longo das décadas. Para ele, isso se deve a influência da mentalidade modernizante propalada pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998), bem como pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). A trinca encabeçou a criação e fundação de Brasília. Esses “ideais futuristas”, segundo o fotógrafo, acabaram por gerar iniciativas de construção de espaços em todo território brasileiro.

No caso de Lavras, ele cita o Banco Nacional (hoje Restaurante Dallas), criado pelo então governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto (1909-1996), e as obras deixadas pelo prefeito Leornardo Venerando Pereira, o Nadinho, como o Clube de Lavras (1958) e o Cine Brasil (1962).

“Muitos casarões foram derrubados por conta dessa onda modernista que tomou conta do país. Juscelino Kubitschek vinha muito a Lavras e trouxe essas ideias para a cidade”, finalizou Libeck.

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