Uma pesquisa recente publicada na revista Cell revelou um dado surpreendente: a pele humana leva até três vezes mais tempo para cicatrizar em comparação com a de outros primatas, como chimpanzés e macacos-rhesus. A descoberta ajuda a explicar por que feridas em humanos demoram tanto para se regenerar — e pode abrir caminhos para novas abordagens no tratamento de lesões cutâneas.
De acordo com os cientistas, embora a pele humana seja mais espessa e resistente, ela apresenta um processo inflamatório mais prolongado e uma regeneração mais lenta. A pesquisa analisou o comportamento celular e a expressão genética de tecidos de diferentes primatas, identificando que a pele humana evoluiu para priorizar a proteção e a barreira contra infecções, em detrimento da velocidade na cicatrização.
“Em algum momento da evolução, trocamos a velocidade de cura por uma pele mais robusta e durável”, explicou o pesquisador principal, Trey Ideker, da Universidade da Califórnia.
Os resultados levantam a hipótese de que as pressões evolutivas enfrentadas pelos humanos — como maior exposição solar e uso de ferramentas — influenciaram diretamente na composição e função da pele. Enquanto isso, outros primatas mantiveram mecanismos mais rápidos de reparo, provavelmente por viverem em ambientes mais hostis à integridade física.
A equipe agora pretende investigar como esse conhecimento pode ser aplicado à medicina regenerativa, incluindo tratamentos para queimaduras, cirurgias e doenças dermatológicas. A pesquisa pode, no futuro, levar ao desenvolvimento de terapias que estimulem a pele humana a cicatrizar com maior eficiência, inspirando-se nos mecanismos genéticos dos nossos parentes mais próximos na escala evolutiva.