Escultura criada para homenagear os 10 anos da beatificação do primeiro sacerdote negro do Brasil gerou reação por representar a figura histórica com pele clara.
A instalação de uma estátua branca de Pe. Victor, primeiro homem negro e pessoa escravizada liberta reconhecido como sacerdote no Brasil, causou revolta em Três Pontas (MG).
A escultura foi inaugurada no sábado (15) na Praça Cônego Victor, em comemoração aos 10 anos de beatificação do padre, ocorrido em 14 de novembro de 2015. Atualmente, a Igreja está em busca de seu segundo milagre para a sua santificação.
A representação da figura histórica com a pele branca na escultura gerou forte reação de movimentos sociais. O grupo Eusoubrasilidade publicou um manifesto público em protesto contra o embranquecimento da imagem do beato.
O documento classifica a imagem como “apagamento racial” e “violência simbólica”.
“Três Pontas instalou uma estátua branca de um homem negro. Isso tem nome: racismo. Isso tem uma história: apagamento. Isso tem consequência: violência simbólica. O beato Padre Victor era negro”, afirma o manifesto.
A Diocese da Campanha, responsável pela estátua, disse que a imagem foi feita em pó de mármore, como a de São José, que está na mesma praça, e o material foi escolhido porque dura mais em ambiente externo que uma imagem de gesso colorida.
O historiador Matehus Baltazar afirma que o embranquecimento e apagamento dos símbolos de representação das figuras pretas descarta a história destas personalidades.
“Construir uma estátua branca para representar esse homem negro é descaracterizar totalmente a sua história, é jogar praticamente toda a sua história, toda sua luta, toda sua mazela no lixo. Então, infelizmente essa estátua ela representa justamente esse apagamento da cultura afro e das figuras históricas afro-brasileiras”, afirmou.
Fonte: G1







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