Depois de décadas, empresário lavrense Expedito Alvarenga decide baixar as portas de sua loja

Prateleiras, cabides e caixas de camisas e sapatos vazias. Nem sempre foi assim numa das lojas mais refinadas da cidade, a Expedito Modas, situada na rua Raul Soares, 170, no centro de Lavras.
O motivo é que o dono do estabelecimento, o empresário Expedito Alvarenga, 81 anos, decidiu fechar o estabelecimento que nas ultimas décadas marcou a moda masculina lavrense ao oferecer grandes e refinadas marcas.

Fecha-se dessa maneira um ciclo na carreira do empresário que que começou a trabalhar aos 14 anos, na extinta Casa Juca Procópio, para depois montar o seu próprio negócio. Lá se vão 67 anos dedicados ao comércio varejista local. “O tempo passa e a gente não vê, né?”, brincou.

Nos últimos dias a loja ficou tomada de consumidores, que disputavam peças vendidas com 50% de desconto do seu valor original. Para muitos, um verdadeiro negócio da “China”. Em meio a essa pequena multidão, o empresário, com a costumeira elegância no vestir e no falar, conversou com a reportagem do Lavras 24 horas.

O empresário analisou as mudanças ocorridas no comércio, bem como os novos desafios impostos pelo comportamento do consumidor. Depois de atravessar bons e maus pedaços ao longo da carreira, ele afirmou que algo se perdeu no tempo.

“O comércio evoluiu muito, mas ganhou novas dificuldades. Os bons tempos já passaram. Antes tínhamos uma situação mais estável, hoje esse governo atual atrapalhou mais as coisas. Vemos uma desmoralização total”, desabafou.

Expedito elencou os motivos que o levaram a fechar seu estabelecimento. Citou o problema da inflação e o alto preço dos aluguéis na cidade, o que tem dificultado o trabalho de quem mantém um ponto comercial. “O custo operacional cresceu muito. Não compensa mais. Eu me senti um tanto desgastado, por isso decidi parar em quanto é tempo”.

Outro fator apontado pelo empresário para deixar o negócio foi a idade. “A gente sente que chegou a hora de parar. Vou deixar para os mais jovens lutarem”. Ele afirmou que hoje o poder aquisitivo dos clientes diminui e que ficou difícil trabalhar para quem oferece mercadoria boa e selecionada.

“Hoje o povo esta parte para o essencial e o popular. Os meus [produtos] estavam ficando supérfluos. Chegou a hora de sair de cena”, avaliou.

Depois de fazer amigos tantos amigos e clientes, Expedito disse que sentirá saudades da rotina de manter uma loja. “É logico que a gente vai sentir saudades. Foi uma época boa da minha vida e a saúde permitiu. Só que eu já estava pensando em parar a mais tempo”. Ele disse que pretende dedicar mais tempo a esposa, Ana Maria Kiehl, os filhos, Júlio e Gustavo, além dos cinco os netos.

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