Cientistas chineses deram mais um passo polêmico na biotecnologia. Usando a técnica de edição genética CRISPR-Cas9, pesquisadores em Pequim criaram macacos com mutações no gene SHANK3, associado ao transtorno do espectro autista (TEA). Os animais apresentaram déficits sociais, comportamentos repetitivos e altos níveis de ansiedade, características semelhantes às observadas em pacientes com autismo.
Em outro experimento, equipes chinesas clonaram macacos com distúrbios do sono, que acabaram desenvolvendo alterações de humor e sintomas comparáveis à depressão e à esquizofrenia. Segundo os cientistas, os modelos ajudam a compreender o funcionamento cerebral e testar novos medicamentos para doenças psiquiátricas e neurológicas.
A China também avança na criação de porcos e cães geneticamente modificados usados como modelos de esclerose lateral amiotrófica (ELA) e Parkinson, desenvolvidos por empresas como a SineuGene. O objetivo é prever com mais precisão como o corpo humano reagiria a futuros tratamentos — algo limitado em testes com camundongos.
Especialistas alertam, porém, que o país opera sob regras menos rígidas que as de nações ocidentais, o que levanta preocupações éticas sobre a manipulação genética em animais de grande porte. Ainda assim, os resultados publicados em revistas científicas de prestígio, como a Science e a Nature, reforçam o protagonismo da China nas pesquisas que buscam compreender e tratar distúrbios neurológicos complexos.









