Casos de dengue sobem quase 1000% e acendem alerta em Minas

Em 10 dias, o número de casos prováveis de dengue em Minas Gerais (considerando os confirmados e os em investigação) deu um salto preocupante. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde, só em fevereiro já são 7.296 diagnósticos, número 10 vezes maior que o observado na contagem anterior, quando havia 672. O maior intervalo de tempo entre os dois documentos, em função do recesso do carnaval, pode ter colaborado para a explosão, mas não é novidade o salto de casos a cada relatório. Em seis semanas de 2016, Minas Gerais já contabiliza 62.271 casos, com dois óbitos. Na segunda-feira, a Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora confirmou outras duas mortes pela doença, de uma adolescente e uma idosa, mas elas só entrarão nas estatísticas oficias na próxima semana. Em 2015, 74 pessoas morreram vítimas da doença no estado.

Desde o último boletim também cresceu o número de casos de zika em investigação: 166 estão sendo estudados, um aumento de 277% em relação às últimas estatísticas. Este mês, os exames para diagnóstico laboratorial do zika vírus em Minas Gerais já estão sendo feitos na Fundação Ezequiel Dias (Funed), e não mais na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, o que permite a análise de maior número de amostras em prazo mais curto. Isso favorece a assistência ao paciente e as ações de vigilância epidemiológica, aumentando, consequentemente, as possibilidades de controle da circulação do vírus no estado. O boletim traz a confirmação laboratorial de um aborto espontâneo associado à infecção pelo zika. O caso ocorreu em Sete Lagoas, na Região Central do estado.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas, a gestante, de 31 anos, deu entrada na maternidade do Hospital Nossa Senhora das Graças em 28 de janeiro, com entre 15 e 16 semanas de gestação. A paciente foi admitida devido a quadro de aborto espontâneo em evolução, febre, dor articular significativa, conjuntivite e manchas vermelhas pelo corpo, que são o principal sintoma. O hospital notificou o caso à Superintendência de Vigilância Epidemiológica, que orientou coleta de material para análise pela Funed. Na segunda-feira, a Secretaria Municipal de Saúde foi informada de que o material em análise foi positivo para o zika.

É a primeira vez que uma amostra dá positivo para o vírus em uma manifestação em feto, já que o caso do bebê de Curvelo nascido com microcefalia foi descartado em uma revisão de exames. Uma gestante de Ubá, outro caso confirmado de febre zika, segue em acompanhamento. Já são 129 casos notificados no protocolo de monitoramento da microcefalia, que contabiliza casos de bebês nascidos com circunferência do crânio igual ou menor a 32cm e de gestantes com manchas no corpo.

INVESTIGAÇÃO Segundo Geraldo Duarte, professor titular de ginecologista e obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, também coordenador obstétrico do Comitê Assessor da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, tem sido observado, na evolução da gravidez de pacientes diagnosticadas com zika, maior percentual de abortamento. “Mas o mecanismo que causa esse aumento de abortamentos ainda não sabemos explicar. O conhecimento se constrói em etapas. Partimos da observação para depois lançarmos mão de métodos científicos que comprovem causas e associações. Ainda não podemos nos arriscar a sugerir o motivo disso”, explica.

A Superintendência de Vigilância Epidemiológica de Sete Lagoas criou uma ficha adaptada para os registros de casos suspeitos de zika vírus para todas as faixas etárias. Até então, o registro dos casos era somente para gestantes, considerando um grupo prioritário segundo o Protocolo de Atenção à Saúde à Microcefalia Relacionada ao Zika, do Ministério da Saúde. A nova ficha está sendo introduzida esta semana na rede pública e privada de saúde da cidade, disponibilizando, assim, exames para diagnóstico do vírus em todas as faixas etárias. Os pacientes que se enquadrarem no protocolo serão atendidos e devidamente encaminhados para exame laboratorial diante do diagnóstico.

Ameaça na Região Leste

Enquanto explode o número de casos das doenças veiculadas pelo Aedes aegypti e crescem as campanhas e vistorias em imóveis, um bota-fora próximo ao número 5.965 da Avenida dos Andradas, no Bairro São Geraldo, Leste de BH, se transformou em um local propício à proliferação do Aedes aegypti. Dezenas de garrafas plásticas, baldes, capacetes usados na construção civil, pneus, potes de sorvete, embalagens de tempero e diversos outros materiais que podem acumular água da chuva colocam em risco a saúde de vizinhos.

A Gerência Regional de Limpeza Urbana Leste informou que a na Avenida dos Andradas, onde foi feito o flagrante, funciona uma Unidade de Recolhimento de Pequenos Volumes. “Na área interna da Unidade o material depositado pelos carroceiros e demais cidadãos é organizado em caçambas. A área externa é usada como ponto de deposições clandestinas noturnas e aos domingos durante o dia inteiro”, informou a regional.

A gerência acrescentou que remove diariamente com diversos caminhões o material depositado de forma irregular, mas diz que às vezes o volume é superior à capacidade de recolhimento. “Está prevista a instalação de câmeras no local, o que irá permitir o monitoramento da área e a identificação e punição dos infratores”, informou, em nota.

Fonte: Hoje em Dia

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