Carona solidária muda relação de usuários com o transporte interestadual em Lavras

Carona solidária ganha espaço dentro e fora das  redes sociais com vistas para o futuro da prática.
Carona solidária ganha espaço dentro e fora das redes sociais com vistas para o futuro da prática.

Imaginar um sujeito à beira da rua ou de uma estrada a pedir carona parece coisa do passado. Parece não, é. Hoje basta um click com o mouse na tela do computador para que isso se torne uma realidade para muita gente que precisa desse tipo de transporte.

A chamada carona solidária expandiu seus domínios pelas redes sociais da Internet, como o Facebook, onde grupos inteiros dedicados ao tema tem alterado o modo como muitos passageiros utilizam o transporte privado nas cidades nos últimos meses.

Essa mudança não só tem trazido impactos positivos para o meio ambiente – já que menos veículos causam emissão de poluentes na atmosfera, mas proporciona também uma maior economia para os bolsos de quem precisa de uma carona para chegar ao seu destino.

Nestes grupos do “Face” é possível encontrar carona para vários municípios do Sul de Minas e interior paulista, mas são cidades como São Paulo e Belo Horizonte que lideram o ranking de ofertas. Os grupos chegam a congregar em média mais de 10 mil membros.

Uma viagem de Lavras para a capital paulista (377,8 km) de carona saí em média por R$ 50 na página, enquanto no guichê do terminal Rodoviário Maurício Ornelas, o mesmo destino é vendido por R$ 70,58. Já para BH (231 km), o preço pago pelos caroneiros fica entre R$ 35 e R$ 40, quase a metade do valor pago a empresas de ônibus, que hoje chega a R$ 69,14.

O público que oferece ou necessita de carona é constituído basicamente por alunos de universidades, mas também por profissionais das mais diversas áreas. Alguns motoristas cobram pela passagem com a intenção de diminuir o valor pago na compra de combustível dos automóveis, enquanto outros preferem não cobram pelo serviço.

Conforto & Segurança

Para diretor de empresas de ônibus, carona solidária não afeta procuro pelo serviço de viagens em Lavras.
Para diretor de empresas de ônibus, carona solidária não afeta procuro pelo serviço de viagens em Lavras.

Sem preferir se identificar, um estudante da Universidade Federal de Lavras (Ufla) afirmou que as caronas são algo comum dentro e fora do campus da instituição. Ele disse à reportagem da Tribuna de Lavras que oferece caronas há seis meses.

O jovem costuma cobrar R$ 40 dos caroneiros interessados em utilizar seu veículo em viagens de ida ou volta para determinado destino. O dinheiro, segundo ele, é usado para cobrir os custos com o combustível.

“Meu veículo tem muitos sistemas de segurança e adoto a direção defensiva dentro e fora da estrada. Quero oferecer conforto e segurança para quem viaja comigo. Não é um negócio, mesmo porque é algo informal, que não traria lucro de forma alguma para mim”, revelou.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a chamada carona solidária, como ocorre neste caso, é permitida, ao contrário do transporte clandestino, onde a prática fere a resolução 4.287, que “considera serviço clandestino o transporte remunerado de usuários, realizado por pessoa física ou jurídica, sem autorização ou permissão do poder público competente”.

Usuário assíduo do serviço de carona, o lavrense João Batista Carvalho, 55 anos, afirmou que o serviço oferece conforto e segurança, além de incluir várias vantagens para os usuários. “Os motoristas sempre demonstraram respeito para comigo. Eles deixam a gente onde temos necessidade de ficar ou em pontos estratégicos”. João Batista afirmou que depois que passou a usar a carona solidária tem economizado bastante com os gastos com passagem e que considera a pratica como uma prestação de serviços à comunidade.

Uma outra estudante da Ufla entrevistada pela reportagem disse que costuma oferecer carona nos finais de semestre para estudantes, mas que costuma checar referências de quem pede carona a fim de evitar surpresas durante a viagem.

Impacto

Segundo o diretor geral da empresa de ônibus Gardênia, José Eustáquio Guido, a carona solidária não tem abocanhado uma fatia significativa do mercado de viagens em Lavras. A marca é responsável pelo transporte de passageiros entre Lavras e Belo Horizonte.
“Esse tipo de prática é algo informal e não prejudica o transporte regular de passageiros, ao contrário do transporte clandestino, que traz prejuízos da ordem de 20% às empresas do segmento. Nestes casos falta maior fiscalização do poder público para coibir a prática”, ressaltou.

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