A declaração contundente de Liliana Aufiero, última CEO da família Lupo no comando da tradicional marca têxtil, reacendeu o debate sobre os efeitos da tributação brasileira na competitividade industrial. Em entrevista recente, Liliana afirmou que a empresa não decidiu “ir para o Paraguai” por opção estratégica — “o Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, disse ela, em referência ao ambiente tributário considerado sufocante.
Segundo a executiva, mudanças impostas pela Lei 14.789/2023, que alterou regras de créditos de ICMS, retiraram benefícios essenciais para manter a operação da Lupo competitiva no país. A CEO afirmou que os impostos no Brasil estão “comendo a operação de forma violenta”, inviabilizando a expansão industrial local e pressionando a companhia a buscar alternativas mais baratas no exterior.
A nova fábrica da Lupo em Ciudad del Este, inaugurada com investimento estimado em R$ 30 milhões, reduzirá os custos de produção em cerca de 28% em comparação ao Brasil. Além da carga tributária menor, o Paraguai oferece um ambiente mais previsível para a indústria — fator decisivo diante da crescente concorrência internacional. Liliana destacou ainda a presença de uma grande fábrica chinesa no país vizinho, que opera com custos muito inferiores aos praticados no mercado brasileiro: “Se eu quiser competir, preciso ter as mesmas condições”, disse.
Aos 80 anos, Liliana reafirma que sua decisão busca assegurar a sobrevivência e a modernização da empresa fundada há mais de um século. Para especialistas, o movimento da Lupo simboliza um alerta: se o Brasil não avançar na reforma tributária e na simplificação de regras, outras indústrias podem seguir o mesmo caminho.
Fontes: Gazeta do Povo, Revista Oeste, BP Money, Joinville 360.




