Bezerros que antes eram descartados podem gerar renda extra para produtores, revela estudo da UFLA

Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) está abrindo caminho para uma revolução na pecuária mineira. A pesquisa investiga o potencial do chamado “Dairy Beef” — sistema que aproveita bezerros machos de rebanhos leiteiros, tradicionalmente subvalorizados, para a produção de carne de alta qualidade.

Coordenado pelo professor Mateus Pies Gionbelli e financiado pela FAPEMIG, com gestão administrativa e financeira da FUNDECC, o projeto propõe uma nova visão para a cadeia produtiva. “Toda vaca leiteira precisa parir para produzir leite e, naturalmente, cerca de metade desses nascimentos são machos. Nosso trabalho mostra que eles são um ativo, e não um passivo”, destaca Gionbelli.

A prática, comum em países como a Inglaterra, já responde por mais de 50% da carne consumida no mercado europeu. Em Minas, o estudo aposta na técnica conhecida como “Beef on Dairy”, que consiste em inseminar vacas leiteiras com sêmen de raças de corte — como Angus —, gerando bezerros híbridos mais fortes e valorizados.

Com um rebanho de cerca de 22 milhões de cabeças, Minas Gerais possui uma forte vocação leiteira: 70% do gado é de corte, percentual abaixo da média nacional. Isso torna o aproveitamento dos machos leiteiros uma oportunidade estratégica para aumentar a produtividade sem ampliar o rebanho.

Os resultados preliminares são animadores. “Os animais de origem leiteira, especialmente o holandês, apresentaram excelente marmoreio, com carne macia, saborosa e de bom rendimento comercial”, explica o doutorando Felipe Costa Maciel.

O projeto também avança em análises de biologia molecular, buscando entender por que alguns animais são mais eficientes que outros. A expectativa é que as descobertas orientem o melhoramento genético e novas estratégias de manejo sustentável.

Com base científica sólida e foco na valorização do produtor rural, a pesquisa promete unir produtividade, inovação e sustentabilidade, transformando o futuro da pecuária em Minas e, potencialmente, em todo o Brasil.

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