Câmara acelera criação da “Bancada Cristã” e reacende debate sobre mistura entre fé e política

Em uma decisão que promete acender discussões sobre laicidade e representatividade, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (22) o regime de urgência para o projeto que cria oficialmente a chamada “Bancada Cristã” na Casa. Com a manobra, a proposta poderá ser votada diretamente no plenário, sem precisar passar pelas comissões temáticas — um atalho que acelera sua tramitação e amplia as chances de aprovação ainda neste ano.

O texto foi apresentado pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, e Luiz Gastão (PSD-CE), que lidera a Frente Católica. O projeto prevê uma coordenação-geral e três vice-coordenadorias, além de conceder à bancada direito de voto nas reuniões de líderes partidários e cinco minutos semanais de fala no plenário — prerrogativas normalmente restritas a partidos políticos.

A decisão foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), logo após um culto ecumênico realizado na sede do Legislativo. “A palavra de Deus precisa permear esta Casa”, declarou Motta, justificando a urgência do tema.

A proposta, porém, divide opiniões. Críticos alertam para o risco de institucionalizar uma representação religiosa dentro de um órgão que deveria se manter laico por princípio constitucional. Já apoiadores afirmam que o grupo busca apenas dar voz à maioria cristã da população brasileira e garantir que pautas morais e familiares sejam ouvidas com mais força.

Se aprovada, a Bancada Cristã passará a funcionar como uma nova força política dentro do Congresso — com influência direta nas decisões de liderança e nas negociações de pautas sensíveis, especialmente as ligadas à moral, à educação e aos costumes.

A votação definitiva do projeto deve ocorrer nas próximas semanas.

Foto: Cristiano Mariz

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