Você já percebeu como é fácil lembrar de uma crítica, mas difícil recordar um elogio? Pois a ciência confirma: o cérebro humano é programado para dar mais atenção ao que ameaça do que ao que conforta.
Pesquisas em neurociência mostram que nosso sistema nervoso reage com muito mais intensidade a experiências negativas — um mecanismo de sobrevivência herdado dos tempos em que detectar perigos podia significar a diferença entre a vida e a morte. Esse fenômeno é conhecido como viés de negatividade (negativity bias).
De acordo com estudos da Universidade de Chicago e da Universidade da Califórnia, a amígdala e o hipocampo — regiões do cérebro ligadas às emoções e à memória — são mais ativadas por críticas, rejeições e insultos do que por elogios. É por isso que uma palavra dura pode ecoar por anos, enquanto um elogio tende a desaparecer rapidamente da lembrança.
Mas há uma boa notícia: é possível reverter parte desse padrão. Pesquisas em psicologia positiva indicam que praticar gratidão, valorizar gestos de carinho e relembrar experiências boas ajuda a fortalecer as conexões neurais ligadas ao bem-estar e a reduzir o impacto emocional de memórias negativas.
Em outras palavras, não é que o cérebro goste de sofrimento — ele apenas foi treinado para se proteger. Reprogramar esse instinto exige prática e consciência: uma dose diária de gratidão pode, aos poucos, ensinar sua mente a lembrar com mais força do amor do que da dor.
📍 Fontes: Universidade de Chicago, Journal of Personality and Social Psychology, Review of General Psychology