Um pequeno pellet de seis centímetros pode carregar um enorme potencial. Resultado da pesquisa do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (UFLA), o projeto transforma resíduos agroflorestais — como a casca de café — em biocombustíveis renováveis, gerando energia limpa e novas oportunidades econômicas.
Coordenado pelo professor e pesquisador Thiago Protásio, o estudo busca converter rejeitos em fontes de energia sustentável. O processo é simples e eficiente: a casca do café, antes descartada, passa por moagem, secagem e compactação, dando origem a pequenos cilindros — os pellets. Esse formato concentra o poder energético da biomassa, tornando o transporte e o armazenamento mais práticos, além de oferecer uma alternativa ecológica à lenha e aos combustíveis fósseis.
A pesquisa também inclui outros resíduos, como serragem e sobras de madeira, que podem ser convertidos em briquetes e carvão vegetal. Um dos avanços recentes é a chegada de um equipamento de pirólise — investimento de US$ 154 mil financiado pela FAPEMIG — que permitirá transformar biomassa em energia de forma mais eficiente e sustentável.
Com R$ 1,4 milhão em recursos destinados pela FAPEMIG e gestão da FUNDECC, o projeto fortaleceu a infraestrutura dos laboratórios de Ciências e Tecnologia da Madeira, atingindo 80% de conclusão.
A iniciativa também avança no campo da formação acadêmica: a partir de 2025, o curso de Ciências Florestais da UFLA contará com a disciplina “Compactação da Biomassa Lignocelulósica”, voltada à capacitação de futuros profissionais em energias renováveis.
Para Protásio, o projeto vai além da ciência. “Não é apenas um estudo acadêmico, é uma contribuição real para diversificar a matriz energética, reduzir impactos ambientais e gerar alternativas econômicas para o agronegócio brasileiro”, afirma.
Por Simone Paiva – Analista de Comunicação da FUNDECC