Um movimento silencioso, mas cada vez mais expressivo, está redesenhando o mapa industrial da América do Sul. Grandes e médias empresas brasileiras estão instalando fábricas e centros logísticos no Paraguai, atraídas por um conjunto de incentivos fiscais, energia barata e mão de obra mais acessível.
Entre os nomes confirmados está a Lupo, tradicional marca têxtil de Araraquara (SP), que anunciou um investimento de R$ 30 milhões em uma nova planta em Ciudad del Este. O objetivo é ampliar a produção e reduzir custos operacionais.
O movimento não é isolado. Segundo dados da Unidade de Maquila do Paraguai, sete em cada dez indústrias do regime especial são de origem brasileira. O país vizinho tem se tornado um polo de atração para setores de vestuário, calçados, embalagens e autopeças, beneficiando-se de regras simplificadas e impostos reduzidos.
O chamado regime de maquila — principal motor dessa expansão — permite que empresas estrangeiras importem insumos sem tributação, realizem o processamento local e exportem o produto final, pagando apenas 1% sobre o valor agregado. Além disso, o Paraguai oferece energia elétrica até 60% mais barata que em vários estados brasileiros e burocracia reduzida para abertura e operação de negócios.
Analistas destacam que o país se consolidou como um “refúgio produtivo” para empresas brasileiras sufocadas por custos trabalhistas, tributos e energia cara no Brasil. O fenômeno tem sido chamado de “êxodo industrial brasileiro”, e especialistas alertam que, se mantida a tendência, o país pode perder competitividade e empregos em setores tradicionais.
📍 Fontes: Gallup Paraguay, Unidade de Maquila do Paraguai, Russell Bedford Brasil, NeoFeed, H2Foz