O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a comentar o legado fiscal deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que o governo anterior “deixou de cobrar impostos como deveria”, ao promover cortes e isenções tributárias sem planejamento de compensação. A declaração gerou ampla repercussão política e foi interpretada por opositores como uma defesa do aumento da carga tributária — o que o Ministério da Fazenda nega.
De acordo com dados da Receita Federal e do Ministério da Economia, o governo Bolsonaro reduziu tributos federais em diversas frentes: houve corte de até 35% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), desoneração total de PIS/Cofins sobre diesel e gás de cozinha, além de reduções no Imposto de Importação para milhares de produtos. Essas medidas, segundo analistas, contribuíram para conter parte da inflação em meio à crise global de preços, mas também impactaram diretamente a arrecadação federal, gerando perda bilionária de receitas.
Haddad sustenta que essas desonerações foram adotadas sem critérios técnicos e beneficiaram setores específicos, agravando o desequilíbrio fiscal. O ministro defende que o atual governo busca “corrigir distorções históricas” e tornar o sistema tributário mais justo. “Não se trata de aumentar impostos, e sim de garantir que quem ganha mais contribua de forma proporcional”, afirmou.
Estudos do Tesouro Nacional e da própria Receita Federal apontam que as renúncias fiscais federais ultrapassam R$ 500 bilhões por ano, valor que preocupa a equipe econômica. Entre as medidas em estudo estão a revisão de benefícios tributários e a taxação de lucros e dividendos, hoje isentos para pessoas físicas.
Enquanto a oposição acusa o governo de tentar ampliar a carga tributária, Haddad rebate dizendo que o objetivo é restaurar a responsabilidade fiscal e reforçar a justiça social. “É preciso cobrar de forma justa para financiar o Estado e garantir serviços públicos de qualidade”, concluiu o ministro.