O Brasil acaba de conquistar mais um recorde — e não é motivo de orgulho. Em março de 2025, o país ultrapassou a marca de 335 mil pessoas vivendo em situação de rua, segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG (OBPopRua).
O número representa um salto de cerca de 25% em apenas um ano, já que em dezembro de 2023 o registro era de pouco mais de 261 mil pessoas. Em 2024, o total chegou a 327.925, revelando que o abismo social brasileiro não para de crescer — e que a “recuperação econômica” ainda não chegou para quem perdeu tudo.
A região Sudeste concentra a maior parte dessa tragédia, com destaque para o estado de São Paulo, que sozinho abriga 43% da população em situação de rua do país. O perfil é o mesmo de sempre: homens adultos, com baixa escolaridade, sem trabalho formal e quase sempre invisíveis para o poder público.
Especialistas apontam que o avanço do desemprego, o alto custo da moradia e a falta de políticas públicas permanentes empurram milhares de pessoas para as calçadas das grandes cidades. Parte do crescimento também reflete o aperfeiçoamento do Cadastro Único, que tem identificado mais cidadãos sem moradia fixa — mas o drama é real, e se vê a olho nu nas praças e viadutos.
Enquanto isso, programas de moradia e assistência seguem fragmentados, com soluções emergenciais que mal arranham o problema. Pesquisadores da UFMG defendem a criação de um plano nacional permanente para enfrentar o fenômeno, que hoje já atinge mais de 14 vezes o número de pessoas registrado em 2013.
Em outras palavras, o Brasil cresce — mas nas ruas.