Vida vivida

Nasci em Lavras, Minas Gerais, em 26 de janeiro de 1949. Logo após minha família transfere-se para Governador Valadares, Minas Gerais. Meu pai era dentista e, em seguida, abraçou a carreira de professor, tendo sido dono de um estabelecimento de ensino naquela cidade. Minha infância decorreu tranquila, à beira do Rio Doce. Fui alfabetizado por minha mãe, Maria, e daí em diante tomei um gosto desmedido pela leitura. Apesar de ter convivido em Valadares, com uma certa rudeza, própria dos aventureiros, foi um tempo maravilhoso.. Meus pais incentivavam o hábito das sessões de cinema, primeiro ao lado da irmã, Sueli, e depois sozinho.
Em 1961, retornam a Lavras, onde fui estudar em um colégio tradicional, o Instituto Gammon. O trato com o texto escrito foi uma herança genética ou espiritual. Meus parentes paternos foram jornalistas conhecidos em Lavras e região, desde os primórdios do povoamento, e os meus tios maternos louvados pelo bom uso que faziam da língua portuguesa, principalmente o professor Roberto Coimbra. No Gammon e fora dele dediquei a atividades culturais, começando a acalentar a ideia de seguir a carreira diplomática. Este sonho pareceu mais próximo de se realizar quando, ao lado de Helton Ribeiro, tornei-me um dos dois únicos lavrenses selecionados para uma inédita experiência didática brasileira, que foi o Colégio Universitário, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em Belo Horizonte, fui afastando o Instituto Rio Branco de meus planos e cada vez mais me dedicando ao movimento do cinema novo mineiro. Logo escrevia crítica de cinema, na coluna ” Um filme em debate”, no jornal O Estado de Minas. Participei de várias equipes de filmes realizados na época.Trabalhei ao lado de Cássio França no 1º Festival de Cinema de BH. Como produtor e diretor do documentário “São Tomé das Letras”, participei do então famoso Concurso JB/Mesbla, no Rio de Janeiro, para filmes 16 mm. Julgo que meu filme era o melhor de sua categoria e só não ganhou por causa do AI-5 e da ditadura militar.  São Tomé das Letras era um excelente filme, mas desagradou o presidente do júri do Festival, o crítico e comunista histórico Alex Viany, que não o achou panfletário, como deviam ser, na sua opinião, os filmes daquele momento.
Em 1969, voltei a Lavras, indo trabalhar em Furnas Centrais Elétricas, em várias cidades brasileiras, até 1992, quando me aposentou. Na verdade foram anos em que me dediquei a produzir inúmeros relatórios técnicos. Em l978, meu conto Menkrire é escolhido por um júri formado por Oswaldo França Junior, Wander Pirolli e Roberto Drummond, o segundo melhor colocado do Iº Concurso Nacional Pena Aymoré. Foi uma grande vitória pois estava colocado à frente de vários escritores de renome nacional, como Luiz Vilela. Ao final, a constatação de que o prêmio foi muito bom, mas o concurso não repercutiu como esperava, já que a entidade realizadora nem mesmo publicou os contos premiados.
Finquei minhas bases em Lavras, colaborando em órgãos da imprensa local, como o Jornal da Cidade, com seu cunhado Luís Carlos Ferreira de Souza Oliveira, XX de Julho, (o primeiro jornal da cidade, em policromia) ao lado de Antônio Massahud e, Jornal da Rua, com Cláudio Cezar de Souza (Cacau) e Guilherme José Emerich Peixoto. Ao lado de meu concunhado Sebastião Carlos Torres trabalhou no departamento de marketing da Rádio Cultura. Escrevri crônicas na Tribuna de Lavras. Editei os jornais institucionais trimestrais, Jornal do LTC, Jornal da ABO e Novos Tempos. Ocupo uma das cadeiras na Academia Lavrense de Letras, cujo patrono é o Prof. José Luís de Mesquita.
Desde muito jovem militei na política com muito afinco, sem se deixar contaminar, no ato de escrever, pela arenga demagógica. Estar na política foi um tipo de atividade que me fez aprender mais sobre o comportamento do ser humano. Exerci também as funções de empresário no ramo de marketing e produção de brindes, construtor e corretor de imóveis. Sou casado, há quarenta e quatro anos, com Eudóxia, pai de Rodrigo e Ricardo. Meus xodós são os netos João Gabriel, Julia e Laura.
Escrever deriva do ato de observar, e depois alinhavar as palavras de forma simples, sem nenhum pedantismo. O texto que produzo não tem nenhum comprometimento como o engajamento. Muito menos com a moral vigente ou idealizada. Desejo que o leitor goste do que lê, e não se afogue em mágoas e ressentimentos. “Sonhos da Noite” é um romance pequeno ou uma novela maior, dependendo do ponto de vista de quem lê, com enredo e a história de um personagem, que junto a coadjuvantes vive episódios marcantes em sua vida. É também uma panorâmica de três décadas, uma época marcada pelo sexo, drogas e rock ‘n’roll.
Fuii também autor de “Navio Pirata” de 2006, uma coletânea de textos e diversas antologias publicadas no país. Em 2009 coordeei a edição e escrevi o texto final de “Às margens do Rio Grande”. Colaboro em diversos jornais online e impressos no país. ou dos criadores, junto com Flávio Mazzochi, do jornal online “Lavras 24 Horas”, com 9 anos de funcionamento e recordes de visitas que o tornaram um dos mais importantes do interior brasileiro.
Seu novo lançamento é o romance “Meus amores: Mariana e Bruna”, que trata da miscigenação na sociedade em que vivemos.
Nossa acomodação diante das vicissitudes do cotidiano, mais do que uma aparente preguiça, projeta esta necessidade de não avançar além do território delimitado e conhecido. Ajudar os outros, trabalhar pelo bem comum, lutar por uma sociedade mais justa, são meras fantasias, moinhos de vento, que nos afiguram como atitudes quixotescas, próprias dos loucos.
Esta passividade, na verdade, não deixa de ser uma morte prematura, pois temos discernimento para intuir que a arte de viver está em saber renascer a todo momento.Vencendo os medos do desconhecido saberemos que a morte é apenas um trânsito e s vida, a eternidade…

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