Ufla sedia Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária

Nesta semana, de 2 a 6 de maio, acontece na Universidade Federal de Lavras (UFLA) a III Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), construída em mais de 50 instituições de ensino superior no Brasil, em parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em sua segunda edição na UFLA, o evento traz diversas atividades, como debates, sarau cultural, feira de produtos agroecológicos da reforma agrária, oficinas práticas e cine-debates.
Na tarde do primeiro dia de evento, nesta segunda-feira, dia 2, houve defesa do programa de mestrado em Extensão Rural e Desenvolvimento Sustentável. Foi abordada a importância dos insetos no processo de transição da produção agrícola convencional, que utiliza fertilizantes químicos e agrotóxicos, para a produção agroecológica, que propõe métodos alternativos mais saudáveis à vida.
Ocorreu também a apresentação de um trabalho de pesquisa envolvendo a vida das mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizadas no coletivo de agricultoras Olhos d´água, em Guapé, no Sul de Minas.
O estudo aborda as contradições e preconceitos vividos por elas, no que diz respeito a serem mulheres, negras, pardas e camponesas, numa sociedade que historicamente explora e marginaliza esses sujeitos.
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Entretanto, a experiência de auto-organização dessas mulheres tem contribuído para a autonomia e valorização do trabalho delas dentro e fora do assentamento.
Na noite de segunda, aconteceu a estreia do documentário “O uso (in)seguro de agrotóxicos”, produzido a partir de um trabalho da Unicamp com agricultores de Lavras.
O curta-metragem evidencia que as normas que regulamentam o chamado “uso seguro” de agrotóxicos não se encaixam na realidade de agricultores familiares. Tais normas contribuem para culpabilizá-los pelos problemas de saúde pública, decorrentes do uso de venenos, isentando as empresas da responsabilidade pelo manuseio, transporte e descarte dos produtos.
Em seguida, a professora Lêda, docente no Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), campus Machado, apresentou os resultados do projeto que esta instituição desenvolveu, em parceria com a UFLA e o MST, para a transição orgânica do café produzido nas áreas do movimento.
Hoje, grande parte das famílias produtoras de café assentadas no sul de Minas possuem certificação orgânica, graças a este trabalho. Houve destaque para um café do tipo “especial”, produzido por uma dessas famílias, classificado por especialistas em degustação do IF de Machado com nota 8,3.
Finalizando o primeiro dia, houve discussão e apresentação de insetos que realizam o chamado controle biológico, que em ambientes diversos e saudáveis contribuem para evitar ataques de outros animais, diminuindo custos e permitindo a produção agroecológica, sem veneno.
Na terça-feira, 3, ocorreu a feira de produtos agroecológicos da reforma agrária, que continua na quarta-feira, das 10h às 15h, bem como a oficina de práticas agroecológicas e manejo de sistemas agroflorestais, no espaço Yebá (UFLA).
À noite, encerrando as atividades do dia, houve 5º Ciclo de Debates de Políticas Públicas, debatendo reforma agrária no Brasil e políticas públicas para o campo, com participação de um dos dirigentes do MST, Bruno Rodrigo Silva Diogo.
A III JURA começa com ampla participação não só de estudantes da UFLA e IF-Machado, mas também de agricultores de Lavras e do MST. Contando com a participação desses sujeitos, a Universidade pública cumpre com sua responsabilidade sociais.
Massacre de Eldorado dos Carajás
 
Coletivos de Agroecologia da UFLA e movimentos estudantis e populares fizeram ontem, quarta-feira, 4, um instalação em um dos lugares mais movimentados da universidade para denunciar a injustiça e impunidade com os crimes cometidos com os trabalhadores do campo.
O Massacre de Eldorado dos Carajás levou a morte de 21 sem terras no 17 de abril de 1996, no município de Eldorado dos Carajás, no Sul do Pará, decorrente de ação da polícia militar do estado.
O confronto ocorreu quando 1.500 sem terras que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira.
A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado.

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