Tiradentes abre mostra de arte sacra inédita no Museu de Sant’Ana

Para muitos brasileiros, entre os séculos XVII e XIX, ter a imagem de um santo em casa era sinônimo de uma proteção especial, uma esperança em dias melhores, diante de tantas injustiças espalhadas por um Brasil historicamente desigual. Baseado numa vasta história de tradição e fé em Minas Gerais, principalmente durante a exploratória corrida pelo ouro, o Instituto Cultural Flávio Gutierrez abre a exposição “Santos Homens, Os Combatentes da Fé”, hoje, no Museu de Sant’Ana, em Tiradentes.

A exposição agrega 30 imagens de artistas fundamentais à arte sacra brasileira, como Aleijadinho, Mestre de Piranga, Francisco Viera Servas e Francisco Xavier – com todas as obras datadas no período entre os séculos XVIII e XIX. O diferencial da mostra, porém, é que as imagens expostas pertencem a coleções privadas, até hoje nunca reveladas a um amplo público.

Para Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flavio Gutierrez e curadora da mostra, a exposição é uma oportunidade única para, além de ter contato com peças raras, construir um conhecimento sobre a representação dos santos no imaginário da fé brasileira.

“Os santos dessa exposição foram homens e mulheres reconhecidos por suas trajetórias e condutas exemplares, dignas de eterna devoção. Mesmo aqueles que não tiveram um caminho inicialmente virtuoso, se destacaram por uma guinada em suas vidas na direção do bem, o que os tornou santos. O importante é que, na biografia de todos eles, o compromisso com a bondade e a caridade foi levado firme até o limite de suas próprias vidas”, avalia Angela.

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Homenagem. Além de revelar acervo inédito da história religiosa brasileira, a exposição também aproveita para celebrar dois anos do Museu de Sant’Ana, inaugurado em 2014 na antiga Cadeia Pública de Tiradentes. Hoje, o espaço histórico abriga nada menos do que 291 imagens de Sant’Ana, santa protetora das famílias e dos mineradores. É o maior acervo do país da avó de Jesus, com imagens reunidas durante mais de 40 anos por Ângela Gutierrez. Para a igreja católica, a mulher de origem hebraica, que significa “graça”, foi figura central na formação da filha Maria e do neto Jesus.

A coordenadora do museu, Fabiana Oliveira, conta que artistas esculpiram Sant’ana em diferentes materiais, como madeira e pedra sabão, em uma devoção que atravessa os séculos.

“Existem também imagens feitas de vários lugares do Brasil, não somente de artistas mineiros, como as obras feitas em Pernambuco e Goiás, para se ter uma ideia. É uma devoção que extrapola o nosso Estado, está presente em diferentes culturas do país. E isso mostra como a cultura se dissipou por cidades diferentes, foi assimilada de maneiras diversas”, diz Fabiana.

Esses e outros detalhes do acervo histórico também poderão ser conferidos pelo público, em visita gratuita durante a exposição “Santos Homens, os Combatentes da Fé”. Para os mais interessados, também é possível agendar uma visita comentada por um guia do museu – incluindo excursões para jovens e adultos. Neste caso, são cobradas entradas nos valores de R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia-entrada).

AGENDA
O quê. Exposição “Santos Homens, Os Combatentes da Fé”

Onde. Museu de Sant’Ana (rua Direita, 93, com entrada pela rua da Cadeia, no centro de Tiradentes)

Quando. A visitação está aberta de hoje até o dia 20 de outubro, de quarta-feira a domingo, entre 10h e 19h.

Quanto. Entrada gratuita

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