Só consumo interno salva indústria da carne em Minas

Representantes da indústria e do agronegócio mineiros estudam estratégias para minimizar os impactos da Operação Carne Fraca na economia estadual. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Pedro Leitão, a intenção é garantir a boa imagem da carne produzida no Estado no mercado interno, que responde por 80% do consumo do alimento. A preocupação é que haja um freio na compra de carne em Minas, fazendo com que a economia estadual desande.

“Estamos em contato com o Ministério da Agricultura dando apoio na retomada das exportações, mas nosso foco agora é o mercado interno”, ressalta. O governo federal mobilizou o Itamaraty para convencer os principais parceiros comerciais do país de que a carne nacional é segura. Hoje, representantes do Planalto vão à Organização Mundial do Comércio (OMC) para esclarecer a crise e conter embargos. Será feita uma apresentação mostrando que a atuação da Polícia Federal (PF) tem como foco a corrupção e não a qualidade da carne. Além disso, um documento será enviado a 165 países na tentativa de evitar novas barreiras.

Reunião
Segundo o secretário de Agricultura, uma reunião foi realizada nesta semana com representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) para criar estratégias que possam minimizar os impactos. Ele não detalhou o que será feito.

“Temos que situar o consumidor. Não há denúncia de alteração de carne em Minas”, ressaltou. Ele destacou, ainda, que Minas Gerais possui um órgão de fiscalização com laboratório próprio, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), onde são realizados testes que asseguram a qualidade da carne produzida em solo mineiro. “Além disso, recebemos missões internacionais que validam a qualidade do nosso produto”, afirmou.

Hashtag
O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Carne e Derivados de Minas Gerais (Sinduscarne), Leônidas Maciel, está em contato direto com uma equipe da Fiemg para reduzir os “estragos” feitos pela Operação Carne Fraca no setor. A primeira ação do grupo de gestão de crise foi aderir à campanha #CarneForte. O objetivo é defender o produto nacional. As entidades também lançaram um carta aberta em que rechaçam a generalização das informações.

O presidente da Faemg, Roberto Simões, também mobiliza o setor para resgatar a imagem da carne mineira lá fora. Na semana que vem, ele irá a Brasília participar de uma reunião com o presidente Michel Temer. Na pauta, o escândalo da carne nacional. “Esse problema tem que ser resolvido o mais rápido possível. Os envolvidos têm que ser punidos com rigor. Mas a forma como a operação foi anunciada, com estardalhaço, afundou o setor inteiro em um copo d’água”, alertou. Assim como o secretário de Agricultura, ele diz não ser capaz de estimar quanto tempo a crise irá durar. No entanto, espera que os entraves sejam passageiros.

Estrago enorme

Para o professor de Comércio Internacional do Ibmec/MG, Cláudio Aguiar, será preciso um trabalho enorme para consertar o estrago feito com a divulgação da PF de que frigoríficos comercializavam até carne podre.

“Para um país construir a credibilidade demora anos. Mas para destruir leva apenas um minuto. Tanto o governo quanto as empresas terão que investir pesado para resgatar a confiabilidade do mercado externo e das próprias pessoas”, diz

 Segundo ele, um dos caminhos nesse sentido pode ser a visita a países importadores da carne brasileira para mostrar que o problema foi pontual.
“O Brasil precisa provar que as irregularidades já passaram. Que foi uma exceção, e não a regra. É necessário mostrar que há um controle rígido sobre a produção. E, se for o caso, ir até a OMC como reação ao veto dos importadores”, afirma.

Conforme mostrou o Hoje em Dia, até a última segunda, as exportações de Minas para os países que suspenderam a compra do produto nacional somavam US$ 208,8 milhões, quase 30% do que é comercializado para o estrangeiro. Os países que embargavam o produto nacional eram China, Chile e Egito, que não compra o produto de Minas, além da União Europeia. Ontem, Suíça, Japão e Jamaica engrossaram a lista de embargos.

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