Paulo Curió: Reencarno Encarnado

 

O que seria a morte, se não o término de um ciclo. A morte não é o fim da vida. A vida é infinda.

Sempre que olho para trás, percebo as incontáveis reencarnações que tive dentro desta encarnação. Minhas encarnações são frágeis, desfalecem a todo instante. Desencarno ao assistir um filme. Ao conhecer alguém interessante. Ao ver um pôr do sol. Após um mergulho no mar. Durante um abraço demorado de um filho. Ao surgimento da nova mulher amada.

Se você já amou de verdade, certamente se perguntou como era sua vida antes da aparição desta pessoa. Quando meus filhos nasceram, sentia-me renascido. Como se nada vivido até ali tivesse sentido. Essa impressão fazia-se tão forte, que comentava com suas respectivas mães – Lembra-se qual era o sentido da sua existência?

Toda vez que algo se transforma dentro de mim, reencarno. Não são as mudanças, são as transformações. Existem mudanças vãs. As pessoas insistem em dizer que é preciso mudar sempre, desconfio. Toda mudança re já umquer planejamento, objetivo, mudar por si só, tentando convencer a si mesmo que está melhorando, em nada agrega. Transformar é quebrar paradigmas.

As transformações nem sempre ocorrem de maneira leve e amorosa, como dizem – Quem não aprende pelo amor, aprende pela dor – e é nesse ponto que torno-me sádico. A dor sempre foi uma grande professora.

As vezes desencarno de “morte morrida”, outras de “morte matada”, amiúde suicido.

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