Pampulha a um dia de se tornar Patrimônio da Humanidade

Se todos disserem “sim” neste sábado, 16, na reunião das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Istambul (Turquia), o Conjunto Moderno da Pampulha – Igreja São Francisco de Assis, Iate Tênis Clube, Casa do Baile e Museu de Arte – será oficialmente declarado Patrimônio Cultural da Humanidade. A candidatura, que já dura 20 anos, ganhou fôlego nos últimos quatro, e seu sucesso pode garantir investimentos para a região e incremento no turismo de toda capital. Para isso, porém, o título precisa ser encarado como um compromisso de manutenção do complexo.

O “sim” à Pampulha, do outro lado do mundo, se juntará a tantos outros que são ditos na igrejinha, um dos mais queridos monumentos sob julgamento. Os noivos Marcelo Ferreira, 30, e Gabriela Carvalho, 32, que dirão o seu “sim” no ano que vem, estão animados com o aumento da relevância que o espaço irá ganhar caso os representantes de cerca de 200 países decidam sobre o tombamento do cartão-postal idealizado por Juscelino Kubitschek. “Meus sogros se casaram na igrejinha, há 32 anos. Ela já é supercharmosa, e o título daria mais significado ao local”, diz Gabriela.

No que depender da confiança dos governantes, o Conjunto Moderno da Pampulha já tem o título inédito de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno, só falta a oficialização. Brasília também foi reconhecida pela Unesco, mas como Cidade Moderna. Aliás, como diria Oscar Niemeyer, responsável por todo esse modernismo, “a Pampulha foi o início da nova capital, a mesma correria, o mesmo entusiasmo”. E hoje o conjunto é a única indicação brasileira entre os candidatos a patrimônio.

Confiança. Foram 20 anos de expectativa para a avaliação da Unesco. Isso porque só nos últimos quatro as três esferas de governo resolveram apostar na candidatura, elaborando um dossiê com mais de 500 páginas, que rendeu a confiança no “sim” – baseada também em parecer favorável da Unesco em maio. Nesta semana, a expectativa era tão positiva que o Ministério da Cultura já gravava documentário com imagens e depoimentos sobre o conjunto.

Mas a divulgação será só o começo do trabalho dos órgãos públicos, já que o título vem com uma série de compromissos. Intervenções como a reforma dos bens e a despoluição da lagoa devem ser feitas em três anos, caso contrário, a capital pode perder o reconhecimento, esclarece Célia Corsino, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) Nacional em Minas. “Temos esse prazo, mas o trabalho de preservação é para a vida inteira, de um bem que será de toda a humanidade. Preservar o patrimônio não é olhar para o passado, mas para o futuro”, destaca Célia.

Entre as reformas está a da igrejinha, com previsão de início para novembro. E os noivos esperam que, em 2017, ela esteja linda, para que, após seis anos de namoro, no local declarado como patrimônio mundial, eles possam ouvir, enfim, “eu vos declaro marido e mulher”.

Benefícios

O título traz benefícios que ajudarão o governo a cumprir compromissos de preservação. Além do aumento do turismo, pode viabilizar verbas de fundos internacionais da Unesco, segundo Célia Corsino, do Iphan. “Reconhecimento é para todo o sempre, não é um evento pontual. Há linhas de créditos especiais”.

Fonte: O Tempo

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