Morre Affonso Heliodoro dos Santos, último remanescente da equipe de JK

Pioneiro de Brasília, Affonso Heliodoro dos Santos, também conhecido como “Coronel Affonso”, faleceu neste sábado (20), em Belo Horizonte, aos 102 anos de idade. Ele estava hospitalizado desde a última quinta-feira (18) na capital mineira e, em decorrência de problemas no coração, faleceu nesta manhã de sábado, por volta das 11h. Amigo de Juscelino Kubitschek desde jovens, Coronel Affonso era o último integrante vivo da equipe do ex-presidente da República. Ele foi subchefe do Gabinete Civil da Presidência durante o governo JK.
Mineiro, Affonso Heliodoro dos Santos nasceu em Diamantina, mesma cidade de Juscelino, e se formou bacharel em direito pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, na capital fluminense. Em 1933, aos 17 anos, ingressou na Força Pública, como era chamada a Polícia Militar à época. Ele foi aluno da mãe de JK, Júlia Kubitschek.
 Em 1956, coronel reservista da Polícia Militar de Minas Gerais, ele estava ao lado do então presidente quando foi assinado o documento que pedia ao Congresso Nacional a criação da nova capital no coração do Centro-Oeste, em 1956. Neste mesmo ano, ele visitou pela primeira vez a região em que Brasília seria construída.
“Brasília perdeu hoje um dos seus maiores pioneiros, um homem que escreveu a história da cidade com amor e muita garra”, afirmou, em nota oficial (confira abaixo, na íntegra), o governador Rodrigo Rollemberg. “Tive o privilégio de conhecê-lo e me tornar seu amigo pessoal e poder ouvir dele relatos da fantástica jornada de construção de Brasília. Com ele, aprendi muito sobre como servir à população, como se dedicar ao bem estar público e  superar as adversidades.”
“Para nós, da família Kubitschek, foi o melhor dos amigos”, declarou o empresário e ex-político Paulo Octávio, marido da neta do ex-presidente, Anna Christina Kubitschek. “Um homem dedicado à história de Juscelino, companheiro dele e grande defensor da construção de Brasília.
O advogado Paulo Castelo Branco, amigo pessoal de Affonso, afirma que o coronel foi um grande personagem de Brasília e do Brasil, tendo sido fundamental para criação da capital e um dos responsáveis pelo plano de metas de JK. “Era meu grande amigo. Uma das pessoas mais bem-humoradas que conheci, boa gente, sempre falante e cordial”, lembra.
Após o fim de seu governo, JK permanece como senador até 8 de junho de 1964, quando tem seus direitos políticos cassados na Ditadura Militar, pelo presidente Castello Branco. Dias depois, embarca para exílio voluntário pela Europa e Estados Unidos. “Deixo o Brasil porque essa é a melhor forma de exprimir o meu protesto contra a violência que fui vítima”, disse Juscelino Kubitschek na ocasião.
Nos anos de exílio, Affonso Heliodoro esteve com o velho amigo em Paris. De volta ao DF, o Coronel Affonso liderou a criação do Memorial JK, em 1981, o qual comandou até 1997.
Velório ocorrerá neste domingo em Belo Horizonte
Até 2015, Coronel Affonso era presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Ele deixou três filhos, 12 netos e alguns bisnetos. “Convivi muito com ele. Tive dois pais na vida. Meu avô era um quadro pintado pelos deuses para a família”, diz Pedro Ivan Tupy Filho, 48 anos, sobre a vida familiar do avô.
Quanto à atuação pública, Pedro afirmou: “Ele foi de uma grande importância para nosso país, para Brasília e para o momento de desenvolvimento do país. Apesar de não ter vivido naquela época, sei que até hoje as grandes obras construídas por ele e a equipe de Juscelino Kubitschek ainda perduram.”
O velório de  Affonso Heliodoro dos Santos ocorrerá neste domingo (21), no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte, a partir das 8 horas da manhã. A pedido dele, seu corpo será cremado.
Confira nota oficial de Rodrigo Rollemberg
Brasília perdeu hoje um dos seus maiores pioneiros, um homem que escreveu a história da cidade com amor e muita garra.
Affonso Heliodoro, o nosso coronel Affonso, nos deixou no dia de hoje em Belo Horizonte, depois de uma vida centenária dedicada ao país e a Brasília.
 
Homem simples, de gestos firmes, coronel Affonso escreveu sua trajetória militar e política ao lado do fundador da capital do Brasil, Juscelino Kubitscheck, de quem foi um amigo leal e companheiro da epopeia de construção de Brasília.
Fonte: Correio Brasiliense

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