Minas Gerais teve 118 surtos de conjuntivite em 60 cidades

Desde o início do ano, Minas Gerais registrou 118 surtos de conjuntivite em 60 municípios do Estado. Em pouco mais de dois meses, isso representa 65% do total ocorrido no ano passado e já supera os apresentados em 2016, quando 117 surtos foram notificados, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Para a pasta, contudo, o número está dentro do esperado. Já para uma especialista ouvida pela reportagem, ao menos na capital, a incidência é incomum para qualquer época do ano.

“Não está acontecendo nada de mais. Todo ano há surtos de conjuntivite nessa época. É um número dentro do esperado”, afirmou a médica infectologista da SES-MG Tânia Marcial. A notificação de conjuntivite não é obrigatória em Minas, segundo a pasta, exceto em período de surtos – quando o número de casos de conjuntivite é maior o que o esperado para determinada região em determinado período. “O surto antecede a epidemia. Não podemos dizer que há epidemia aqui”, afirmou.

Em Minas Gerais, os dados de surtos de conjuntivite são divididos por regionais. Até esta quinta-feira (15), a região com maior número era a Centro-Oeste, onde ficam as duas cidades com mais notificações, Divinópolis e São Gonçalo do Pará, com 30 e 26 casos de surto, respectivamente.

Capital. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, até esta quinta, a vigilância epidemiológica havia recebido notificação de surtos de conjuntivite nas regiões Norte, Leste e Oeste, com 79 casos registrados. O numero é questionado pela diretora da Oculare Hospital de Oftalmologia de Belo Horizonte, a oftalmologista Ângela Andrade Maestrini.

Segundo ela, os casos na capital aumentaram consideravelmente no último mês. Em épocas normais, o setor de emergência da clínica registrava média de cem a 130 consultas por dia. Neste mês, chegou a atender 288 casos em apenas um dia, conforme a especialista. “Aumentaram muito os casos. Não é comum. Convocamos mais médicos para dar conta da demanda”, afirmou Ângela. Ela salientou que o vírus se espalha com facilidade, “como em um surto de gripe”, ressaltando também que é preciso que a população adote medidas preventivas e, em caso de sintomas da doença, procure um especialista.

A reportagem tentou ouvir nesta quinta-feira as prefeituras de Divinópolis e São Gonçalo do Pará, mas os responsáveis não foram localizados até o fechamento da edição.

População está menos resistente

Surtos em Minas Gerais são, em sua maioria, de conjuntivite viral, segundo a oftalmologista Ângela Andrade Maestrini. Para ela, o vírus parece mais forte que antes, uma vez que a população infectada está menos resistente a sua manifestação. “O vírus que chegou ao Estado deve ter passado por alguma mutação, porque parece ser mais severo que normalmente víamos. O organismo não consegue se defender”, explicou a diretora da Oculare Hospital de Oftalmologia de Belo Horizonte.

Tanto o contágio como a proliferação acontecem de forma rápida, por meio da lágrima. “É fácil espalhar o vírus. A pessoa contaminada coça os olhos, toca em um objeto ou em outra pessoa, e o vírus é transmitido”, esclareceu a especialista.

A professora Ledwânia Salgado Cotta, 49, sabe bem disso. Ela viu a filha, de 12 anos, ser diagnosticada com conjuntivite nas últimas semanas após grande parte da classe escolar ser contaminada. “Minha filha teve coceira e lágrimas nos olhos. Fomos consultar, e era conjuntivite”, afirmou.

Transmissão ocorre por meio da lágrima, diz especialista

A Secretaria de Estado de Saúde alertou que a população precisa estar atenta à transmissão por objetos contaminados, como equipamentos oftálmicos, toalhas, travesseiros, lenços e copos. Locais fechados, como escolas, creches, escritórios e fábricas, são mais propícios para a proliferação da doença.

De acordo com a oftalmologista Ângela Andrade Maestrini, a doença é contraída por meio da lágrima, e coçar os olhos é principal forma de disseminação. “É fácil espalhar o vírus porque a pessoa contaminada coça os olhos, toca em um objeto ou, até mesmo, em outra pessoa, e o vírus é repassado”, explicou.

Ângela alerta que conjuntivite não pode ser passada pelo ar, mas que, devido ao calor, ambientes com ar-condicionado podem ressecar os olhos, deixando-os mais propícios à transmissão.

Viral. Forma mais transmissível de conjuntivite. O contágio pode ser feito durante todo o tempo em que o olho estiver vermelho.

Bacteriana. É bem menos comum que a viral, mas é uma das mais perigosas. A transmissão se dá por meio do contato com secreções e contato pessoal.

Incomuns. Também existem as conjuntivites química e tóxica, que são menos comuns.

Fonte: Mariana Nogueira/O Tempo

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